Coescrito pela própria Ana Pêgo com a autora Isabel Minhós Martins e ilustrado por Bernardo P. Carvalho, "Plasticus Maritimus, uma espécie invasora" é um livro informativo sobre meio ambiente e um guia de exploração, para os leitores que queiram também ser mais ativos na defesa da natureza.
"Se há um problema que nos preocupa, se conseguimos ver com clareza como esse problema pode ser consequências graves, então faz sentido acreditar e arregaçar as mangas", escrevem as autoras nas primeiras páginas.
Inspirada na nomenclatura científica que identifica as espécies da natureza, Ana Pêgo criou em 2015 um bilhete de identidade para designar a presença de plástico nos oceanos - Plasticus Maritimus.
A partir daí, desenvolveu todo um trabalho de consciencialização para o problema, com a realização de oficinas para crianças, exposições com o plástico recolhido em praias e partilha de informações com outros ativistas.
"A preocupação com os plásticos marinhos foi a soma de muitas coisas juntas. Mas os momentos que passei junto às poças da minha praia explicam grande parte do meu interesse. Foi lá que aprendi a gostar do mar. E quando se gosta de uma coisa, o mais naturezal é não sermos indiferentes a tudo o que com ela esteja relacionado", explica a bióloga no livro.
Na obra explica-se, por exemplo, que um 'beachcomber' é alguém que recolhe lixo nas praias e se torna num "coleccionador que se interessa pela origem e pela história dos objetos que encontra".
Há ainda dados estatísticos sobre a vida na Terra e sobre poluição - por exemplo, uma garrafa de plástico demora 450 anos a degradar-se -, é dado um enquadramento histórico sobre a produção de plástico e uma cronologia sobre "coisas importantes que já aconteceram entre pessoas e oceanos".
As autoras deixam ainda conselhos práticos para uma 'saída de campo', para recolha de lixo, e enumeram tipos de 'plasticus maritimus' comuns e raros que se encontram nas praias, como beatas de cigarro, palhinhas, cotonetes, pequenos brinquedos, moedas e lancetas de diabéticos.
"Plasticus Maritimus, uma espécie invasora" é editado numa altura em que são cada vez mais os alertas para a produção e consumo de plástico descartável, que tem conduzido a algumas tomadas de decisão de entidades políticas e empresas.
Este ano a União Europeia deu como limite 2030 para que todas as embalagens que circulam no espaço comum europeu sejam recicladas ou reutilizadas.
Em outubro, cerca de 250 organizações, incluindo governos e empresas como a Coca-Cola, a Danone e a Inditex assinaram o chamado "compromisso global para a nova economia de plástico", projetado para reduzir o uso do plástico e facilitar a sua reciclagem.
Calcula-se que, ao ritmo atual, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos até 2050.
"Plasticus Maritimus, uma espécie invasora" termina com a apresentação de várias fotografias de lixo recolhido nas praias, um ABC da vida plastificada e uma aula de físico-química que explica de que matéria é feita o plástico.
O livro vai ser apresentado peloss autores no domingo na Sociedade Musical União Paredense (SMUP), na Parede (Cascais) e incluirá um passeio guiado por Ana Pêgo à Praia das Avencas.
Comentários