A fadista Aldina Duarte e a atriz Isabel Abreu interpretam quatro figuras de ficção - Eurídice, Medeia, Mary Tyrone e Blanche DuBois-, acompanhadas pelo piano de Filipe Raposo, tocado ao vivo.

“Malfadadas” é um recital que “cruza as vozes de Aldina Duarte e Isabel Abreu num território de confluências, presságios, maldições e quase-retratos fracionários destas figuras tutelares femininas do teatro e da mitologia literária”, lê-se no comunicado sobre a peça.

O texto, escrito por Miguel Loureiro, inclui excertos de autores como Sophia de Mello Breyner, Eurípedes, Eugene O’Neill e Tennessee Williams, nomes associados à poesia e dramaturgia.

Isabel Abreu explicou, durante um ensaio para a imprensa, que, como resultado de "uma grande vontade" das duas, "este espetáculo surge a partir de quatro fados que já faziam parte do repertório da Aldina".

Ao longo da peça, a fadista interpreta os temas "Ainda mais triste", "Branca Branca", "Fado com Dono" e "À espera da redenção", escritos por Manuela de Freitas e inseridos no disco "Contos de Fados".

"Ao surgirem estas as quatro personagens, quatro mulheres, consideramos que deveria existir um ponto de ligação deste lugar onde podem encontrar e cruzar e onde nós as duas também nos podemos cruzar, cada uma na sua arte", acrescentou a atriz aos jornalistas.

O pianista Filipe Raposo, que toca temas originais, destaca a importância da música neste espetáculo e explica que “a música não está a acompanhar, ela surge como uma voz narrativa própria que abre portas".

Do cenário, para além de um piano, fazem parte duas cadeiras, licores e um jogo de luzes que transporta o espetador de cena em cena.

O nome “Malfadadas”, segundo Miguel Loureiro, resulta "do destino nefasto que estas quatro extraordinárias personagens têm e nunca do sentido de serem sofredoras".

O Teatro Nacional S. João, no Porto, já lançou o convite para levar a peça à cidade, adiantou a produção.

“Este é um projeto que faz todo o sentido que seja divulgado”, justificou.

O espetáculo “Malfadadas”, em cena até ao dia 28 de julho, na sala Garrett, do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, inclui legendagem do texto em inglês e francês, em todas as sessões.