Woody Allen acha que devia ter um símbolo do apoio ao movimento #MeToo pois trabalhou com "centenas de atrizes" ao longo de mais de cinco décadas de carreira sem alguma o tenha acusado de comportamento inapropriado.

Numa rara entrevista exibida durante o programa argentino "Periodismo Para Todos", o realizador garantiu que é um grande apoiante do movimento e pensa ser positivo que estejam a ser denunciadas as pessoas que estão a assediar mulheres e homens inocentes.

Voltou ainda a reiterar que não violou a filha adotiva Dylan Farrow, uma acusação que surgiu durante o processo de separação da atriz Mia Farrow e a custódia dos filhos em 1992, e que regressou com o #MeToo, consequências de duas reportagens sobre os alegados abusos do produtor Harvey Weinstein. Uma delas é da autoria de Ronan Farrow, filho adotivo do realizador.

Durante o encontro com o jornalista Jorge Lanata em Nova Iorque, Allen disse que é um defensor dos direitos das mulheres por ter contratado mais de 200 para as equipas técnicas dos seus filmes, criado personagens que valeram prémios a atrizes e apagar-lhes o mesmo que aos colegas masculinos.

E acrescentou: "Devia ser o símbolo para o movimento #MeToo movement. Porque trabalhei no cinema durante 50 anos. Trabalhei com centenas de atrizes e nem uma — grandes, famosas, principiantes — alguma vez sequer sugeriu qualquer topo de comportamento impróprio. Sempre tive uma relação maravilhosa com elas".

Woody Allen afirmou ainda que o "incomoda" ser colocado no mesmo grupo de pessoas acusadas por dezenas de crimes, como é o caso do produtor Harvey Weinstein.

"Todos queremos que se faça justiça. Se há algo agora como o movimento #MeToo, torcemos por isso, queremos que levem à justiça esses terríveis abusadores, essas pessoas que fazem todas essas coisas terríveis. E acho que isso é uma coisa boa. O que me incomoda é ser associado a eles. Pessoas que foram acusadas por 20, 50, 100 mulheres de abuso e abuso e abuso – e eu, que fui acusado apenas por uma mulher num caso de custódia que foi investigado e provado não ser verdade, sou associado a essas pessoas", explicou.

O entrevistador perguntou então a Allen se tinha molestado a sua filha adotiva, como esta garante ter acontecido a 4 de agosto de 1992, quando tinha seis anos.

"Claro que não, é simplesmente de loucos. Isto é algo que foi cuidadosamente investigado há 25 anos por todas as autoridades e todas chegaram à conclusão que não era verdade. E foi o fim e continuei com a minha vida. Isso regressar agora, é uma coisa terrível para se acusar alguém. Sou um homem com uma família e as minhas crianças. Portanto, claro que é perturbador", foi a resposta.

A ENTREVISTA PODE SER VISTA NA TOTALIDADE NESTA LIGAÇÃO.