Charles Aznavour, o último dos grandes nomes da canção francesa, morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 94 anos de idade, na sua casa na Provença, no sul de França, anunciou à AFP o seu porta-voz.

O artista francês estava a regressar de uma digressão no Japão e foi forçado a cancelar concertos devido ao facto de ter partido um braço após uma queda.

O cantor, ator e compositor francês de origem arménia, apontado pela imprensa como uma “lenda viva da ‘chanson française’”, editou, em 2015, o álbum “Encores”, composto por inéditos de sua autoria, entre os quais uma homenagem a Edith Piaf e uma recriação de Nina Simone, tendo atuado, na altura, em cidades como Paris, Londres, Bruxelas e São Petersburgo, entre outras, num total de 12 concertos.

Todas as canções do álbum, à exceção de “You’ve got to learn”, foram escritas e compostas por Aznavour, que fez os arranjos para a sua voz, sendo a orquestração de Jean-Pascal Beintus.

Charles Aznavour atua em Lisboa em dezembro

Charles Aznavour atuou em 2016 e 2008 em Portugal. No ano do primeiro concerto, recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2007, gravou com a cabo-verdiana Mayra Andrade a canção “Je danse avec l’amour”.

Com uma carreira com cerca de 70 anos, como cantor, ator e compositor, Aznavour escreveu mais de mil canções em francês, inglês, italiano, espanhol e alemão, vendeu mais de 100 milhões de discos, tendo partilhado o palco com cantores como Edith Piaf, Charles Trenet, Dalida e Yves Montand, entre muitos outros.

O crítico musical Stephen Holden, da revista norte-americana Rolling Stone, descreveu Aznavour como uma “divindade pop francesa”.

O intérprete de “Il faut savoir” gravou mais de 1200 canções em oito idiomas, e vendeu mais de 180 milhões de discos.

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Bryan Ferry, Elton John, Carole King, Paul Anka, Frank Sinatra, Dean Martin, Sting, Marc Almond, Herbert Gronemeyer, Simone de Oliveira e Laura Pausini são alguns dos artistas não franceses que gravaram temas de Aznavour, além de Amália Rodrigues por quem o cantor nutria uma admiração e de quem era amigo, como afirmou em várias entrevistas.

Em 1998, Aznavour foi eleito “Entertainer of the century” pelos consumidores de marcas globais de media como a CNN e a Time Online, somando 18% das preferências mundiais e superando Bob Dylan e Elvis Presley.

De origem arménia, o músico fundou a organização não-governamental Aznavour For Arménia, como resposta ao terramoto naquele país, em 1988.

Em 1997, a França reconheceu o papel do músico na história da canção francesa, distinguindo-o com o grau de Oficial da Legião de Honra.

Aznavour era embaixador permanente da UNESCO, e o Estado da Arménia concedeu-lhe, em 2008, a nacionalidade arménia. Anteriormente, o cantor tinha recebido a Ordem da Pátria, a mais alta condecoração da antiga República soviética e uma das praças da capital, Yerevan, tem o seu nome.

"La Mamma":

"For Me Formidable":