Segundo a organização, em comunicado, o primeiro Queer Fest irá decorrer nos dias 8 de setembro, na cooperativa de produção e difusão artística Penha SCO, em Lisboa, e nos dias 11 e 12 do mesmo mês, na Sociedade Musical União Paredense (SMUP), na Parede, concelho de Cascais.

Este festival tem como propósito reunir “projetos criativos que afirmam o direito à existência e à liberdade dos seus autores no que respeita à orientação sexual e à identidade de género” num mesmo evento, “que possa projetar essas vozes e marcar a sua diferença numa sociedade em processo de normatização/homogeneização pela negativa, cada vez mais cinzenta e opressiva”.

A organização lembra que estes projetos se têm multiplicado em Portugal numa altura em que “o regresso do fascismo se declara por meio de uma escalada, em palavras e atos, da xenofobia, do machismo e da homofobia”.

Em tempos como este, salienta a organização, “não podem a música e as demais artes performativas fazer outra coisa senão reivindicar para si a dimensão interventiva e de protesto que tiveram no passado”.

“A perspetiva é interseccional, porque a luta do movimento queer é também a luta das mulheres, a luta contra o racismo, as lutas por melhores condições de habitação e trabalho, a luta pelo ambiente”, defende a organização.

O Queer Fest arranca no dia 8 de setembro com o debate “Quanto a Arte é Queer”, moderado por Maribel Sobreira e que conta com a participação de André E. Teodósio, Telma João Santos, Tiago Lila, Tiago Bôto, Wagner Borges e Joana D Água.

O dia prossegue com teatro, com um enquadramento em vídeo. “Tour de Fuck” é uma obra da dupla de atores e encenadores Tiago Bôto e Wagner Borges, que “trabalha a procura de um pensamento mutável, transformável, não-estanque, sempre com o corpo no seu cerne”.

O primeiro dia inclui ainda uma performance de Telma João Santos, formada em dança e em matemática, cujo “trabalho performativo combina a utilização de técnicas de improvisação do movimento com a aplicação de alguns aspetos da sua continuada investigação nas ciências exatas”, e uma performance-concerto, de música de dança e intervenção, de Joana D’Água e Luiza Cascon.

O programa de dia 11 de setembro é composto unicamente por concertos. Nesse dia atuam Pássaro Macaco, Clementine, Dead Club, Judas e Venga Venga.

Para o terceiro e último dia do Queer Fest, em 12 de setembro, está agendado o debate “O Queer como Interseccionalidade”, com moderação de Maribel Sobreira, no qual participam Sónia Baptista, Pê Feijó, Raquel Lima, Salomé Honório, Paula Gil, Raquel Freire e Di Cândido.

Nesse dia haverá também performances de Sónia Baptista que, “com formação em dança contemporânea e um trabalho que vai buscar referências à literatura, ao teatro e à música, é uma das principais figuras da performance em Portugal”, e Bruno Cadinha, que “tem desenvolvido ao longo dos anos um sólido trabalho de declarada expressão queer, em nome próprio ou associado a outros artistas, casos de Odete e Telma João Santos”.

O festival termina com concertos de Baby Sura, Matriarca Paralítica & Maria do Mar, Herlander e Fado Bicha.

O Queer Fest, com direção artística de Rui Eduardo Paes e Maria do Mar, é uma coprodução da SMUP, Cultura no Muro e Penha SCO.