Numa série de três publicações na conta oficial do gabinete da ministra da Cultura no Twitter, recorda-se que, “ao longo dos seis anos em que foi diretor artístico do Teatro Nacional Dona Maria II, Tiago Rodrigues foi um embaixador da Cultura contra o ódio e a intolerância”.

“Fez do seu e nosso teatro um palco de Humanidade e casa da Democracia”, lê-se numa das publicações.

Graça Fonseca salienta que a “consistência, tenacidade e arrojo artísticos” de Tiago Rodrigues, “enquanto criador teatral que está atento às problemáticas e inquietações da sociedade contemporânea, revelaram sempre uma atitude comprometida com o seu tempo”.

Tiago Rodrigues foi escolha

A ministra da Cultura destaca ainda que a nomeação do ator e encenador para dirigir o Festival d’Avignon “espelha, também, a visibilidade, afirmação qualitativa e reconhecimento crescentes das artes portuguesas no plano internacional”.

A nomeação de Tiago Rodrigues como diretor do Festival d’Avignon, cargo que irá ocupar a partir de 1 de setembro de 2022, foi anunciada hoje pela organização do certame.

De acordo com a ministra francesa da Cultura, Roselyne Bachelot-Narquin, numa conferência de imprensa hoje no Palácio dos Papas, em Avignon, a escolha de Tiago Rodrigues “impôs-se de forma evidente, de forma natural, quase de forma doce”.

Tiago Rodrigues vai suceder a várias figuras de relevo do teatro francês, incluindo o fundador e maior impulsionador desta mostra, Jean Vilar, que liderou o festival durante 25 anos.

A ministra francesa disse ainda que a proposta apresentada por Tiago Rodrigues é “ambiciosa” e “cheia de poesia”.

A estreia da mais recente peça de Tiago Rodrigues marca hoje o arranque da 75.ª edição do Festival d'Avignon.

O festival desenrola-se até dia 25 e “O Cerejal”, de Anton Tchekhov, com encenação do diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, vai fazer mais 10 récitas, para lá da estreia, até dia 17 de julho.

A ministra visitou esta manhã a estrutura recém-instalada na Cour des Palais des Papes, sítio mítico deste palmarés e que a partir de agora vai acolher cerca de 2.000 espectadores em melhores condições numa obra que custou 3,8 milhões de euros, financiados pelo Estado, mas também pela região.

“O Cerejal” de Tiago Rodrigues é a primeira peça a estrear-se neste palco renovado.

Com uma carreira de mais de duas décadas, Tiago Rodrigues tem sido presença regular em palcos internacionais, tendo sempre por base Portugal, seja através da companhia que criou, Mundo Perfeito, ou do compromisso assumido com o Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, que dirige desde 2014 e onde viu recentemente renovado o mandato até 2023.

Prémio Pessoa em 2019, Tiago Rodrigues foi cofundador e diretor artístico da companhia Mundo Perfeito, tendo, ao longo de cerca de uma década, criado mais de 30 peças, apresentadas em cerca de 15 países da Europa, América do Sul, Médio Oriente e Ásia.

A primeira presença de Tiago Rodrigues no Festival d'Avignon aconteceu em 2015, onde apresentou a peça "António e Cleópatra", tendo voltado nos anos seguintes com diferentes trabalhos.

Na corrida à liderança deste festival estava ainda outro português, José Manuel Gonçalves, diretor do CentQuatre, um dos templos de teatro e arte contemporânea, em Paris, e também Claire Lasne Darcueil, diretor do Conservatório, assim como Romaric Daurier diretor do teatro Phénix, em Valenciennes.