A Associação Espetáculo – Agentes e Produtores Portugueses (AEAPP), de acordo com um comunicado enviado à agência Lusa, “reúne os Agentes e Produtores portugueses, essencialmente da área da música mas abrangendo também Agentes e Produtores com intervenção noutras artes performativas” e surge “num período particularmente difícil e sensível para todos os que se dedicam à atividade cultural”.

“É a sobrevivência de todo um setor e dos seus profissionais que está em causa. É a sobrevivência da Música e da Cultura portuguesa que urge defender”, lê-se no comunicado.

A AEAPP salienta que os seus associados são “agentes de cultura com um papel único e insubstituível na cena cultural portuguesa” e que a associação surgiu da necessidade de se unirem para defenderem o que lhes “é comum”.

Nesta associação estão representados “centenas de músicos e artistas que dão cara e voz ao património cultural de um povo nas suas diferentes expressões” e produtores de “eventos de variados estilos, tipos e dimensão que sustentam grande parte da atividade cultural realizada no país”.

Esta associação tem como objeto e fim “a promoção e defesa coletiva dos interesses e direitos de agentes representantes de artistas e produtores de espetáculos, a contribuição para a organização, dignificação e profissionalização destes operadores do setor cultural, a defesa dos interesses, apoio de consultoria e formação dos seus associados e a promoção da sustentabilidade económica dos agentes do setor cultural”.

Mas também “o desenvolvimento de projetos de capacitação, sustentabilidade ambiental, inclusão social e criação de sinergias no setor cultural, bem como a organização, produção e promoção de atividades de natureza cultural que promovam e incentivem a atividade das artes performativas e ou a criação de novos públicos e mercados”.

Os órgãos sociais da AEAPP incluem responsáveis por produtoras e empresas de agenciamento como a Sons em Trânsito, Fado in a Box, Radar dos Sons, Bairro da Música e Uguru e músicos como André Sardet e John Gonçalves (The Gift).

Os espetáculos em Portugal começaram a ser adiados ou cancelados em Portugal, devido à pandemia da COVID-19 em março ainda antes de decretado o encerramento das salas.

Segundo a Associação de Promotores de Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), só entre meados de março e final de abril do ano passado foram cancelados, suspensos ou adiados cerca de 27 mil espetáculos.

No dia 1 de junho, as salas foram autorizadas a reabrir, com lugares marcados e o cumprimento de regras de distanciamento social, embora no final de maio ficasse proibida a realização de “festivais e espetáculos de natureza análoga”, até 31 de dezembro.

O verão decorreu sem os festivais de música, com a Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) a estimar uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, contra os dois mil milhões originados em 2019.

A APEFE, por seu lado, divulgou que o mercado dos espetáculos registou uma quebra de 87% entre janeiro e outubro do ano passado, face a 2019, admitindo que não seria difícil que esta quebra pudesse atingir “os 90% até ao final do ano”.

Os números concordam com os das plataformas de venda de bilhetes para espetáculos, em Portugal: a BOL registou uma quebra de 91% no volume de vendas, enquanto a Ticket Line e a Blue Ticket disseram à Lusa terem registado perdas superiores a 80%.

Nos últimos meses, na sequência da crise que se abateu no setor da Cultura devido à pandemia da COVID-19, surgiram várias associações e coletivos, entre as quais a Ação Cooperativista, o Movimento pelos Profissionais das Artes Performativas e a Convergência pela Cultura, que organizaram protestos e foram divulgando publicamente posições em relação às políticas do Governo para o setor, que consideraram sempre insuficientes.