Natural de Torres Vedras e assumindo o gosto pelo Carnaval, Susana Félix disse à agência Lusa que a música “não tem a ver com a sua carreira musical”, e é um samba alusivo ao Carnaval português e à figura da matrafona, típica do Carnaval de Torres Vedras.

“Faz parte da tradição as músicas de Carnaval serem músicas brasileiras e eu não quis fugir a essa tradição, por isso criei um samba, mas não tem de ser assim no ‘Carnaval mais português de Portugal’".

A canção tem por isso referências sonoras aos bombos, uma letra que fala da matrafona, figura ligada ao Carnaval torriense, e baseia-se nas marchas de Carnaval que, no início do século XX, eram semelhantes em Portugal e no Brasil.

Para “ser um bom samba”, a cantora convidou Zeca Pagodinho, uma “referência” do género, e ainda o rapper brasileiro Emicida, que também faz parte do projeto de hip-hop luso-brasileiro Língua Franca, ao qual pertencem igualmente os portugueses Capicua e Valete.

“É uma honra o Zeca ter aceitado este convite, e teria muito gosto de dar um concerto com ele, porque não o conheço pessoalmente”, admitiu a cantora, explicando que as novas tecnologias permitiram aos dois brasileiros gravar no Brasil a voz para a música, apesar de a sua produção ser “100% portuguesa”.

"Samba da matrafona" junta por isso “três gerações de músicos”, destacou.

Segundo Susana Félix, “a originalidade do Carnaval [de Portugal por comparação com o do Brasil] não tem de ficar só pelos carros e pelas máscaras, mas também pode ser alargada à música”, por isso quer ser precursora de uma nova tradição “o mais portuguesa possível” na música de Carnaval, e espera que surjam outras canções portuguesas.

A artista propôs e a ideia foi “muito bem acolhida” pela empresa municipal Promotorres, responsável pela organização do Carnaval de Torres Vedras.

"Samba da matrafona" obrigou-a a fazer um “intervalo enorme” na preparação do próximo álbum, que vai lançar este ano, depois de “Procura-se”, em 2011.

Habituada a interromper a carreira musical para outros trabalhos como atriz, produtora e até compositora, Susana Félix reconheceu que a pausa para o "Samba da matrafona" foi “muito útil” e encarou-a como um exercício para se “libertar da sua carreira” musical.

A música vai estar à venda nas plataformas digitais, a partir de sexta-feira, e numa edição limitada em vinil, a lançar ainda antes das festas de Carnaval, que se realizam de 09 a 14 de fevereiro.

"Samba da matrafona" tem letra de autoria de Susana Félix e música de Susana Félix e João Cabrita.

A edição é da Promotorres, que já em 2017 apoiou a produção de “Delírio em Las Vedras”, filme do realizador português Edgar Pêra, que se estreou nas salas de cinema no início do ano passado, tendo como protagonista o ator Nuno Melo.

“São produções que ajudam a credibilizar o evento e a consolidar a sua identidade”, afirmou César Costa, presidente do conselho de administração daquela empresa municipal, para quem a música “é um hino à matrafona” torriense.

A matrafona é a figura típica em Torres Vedras, em que meninos ou homens de barba rija se despem de preconceitos e não se poupam a esforços e a dinheiro para encontrar a melhor indumentária e respetivos acessórios para se mascararem de mulheres.

Em 2017, Torres Vedras candidatou o seu Carnaval a Património Nacional Imaterial, o primeiro passo para vir a ser reconhecido como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

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