A chegada do mês de Natal não traz novidades literárias para a maioria das editoras portuguesas, mas ainda assim destacam-se algumas publicações, como as da Relógio d’Água, que vai lançar “A Filosofia da Canção Moderna”, livro do músico norte-americano Bob Dylan, o primeiro escrito em 18 anos.

Esta obra reúne os primeiros textos de Bob Dylan depois de receber o Prémio Nobel da Literatura, em 2016, e representa o seu primeiro livro desde que publicou em 2004 o biográfico "Crónicas, volume 1".

São 60 ensaios sobre a arte de escrever canções, em que o autor se debruça sobre o trabalho de composição de outros artistas, como Nina Simone, Hank Williams e Elvis Costello.

Neste livro, que começou a ser escrito em 2010 e integra 150 fotografias, Bob Dylan apresenta um conjunto de ensaios sobre música, mas que são também meditações e reflexões sobre a condição humana.

O livro foi lançado nos Estados Unidos no dia 01 de novembro, mas recentemente viu-se envolvido em polémica por o autor ter utilizado réplicas da sua assinatura em vez da sua assinatura original na edição especial, pela qual os fãs pagaram 600 dólares (cerca de 577 euros).

A insatisfação gerada por esta situação obrigou Bob Dylan a vir a público, na sexta-feira passada, pedir desculpa pelos “autógrafos” dados por uma máquina, assegurando que só o tinha feito porque lhe garantiram que era “algo feito a toda a hora” no mundo da arte e da literatura.

O músico e escritor norte-americano explicou a sua decisão, alegando que desde 2019 sofre de vertigens, pelo que precisa de estar com cinco pessoas nas sessões dedicadas a assinar cópias com a sua própria caligrafia, o que foi impossível durante a pandemia.

Admitindo agora que “utilizar uma máquina foi um erro”, Bob Dylan adiantou que já começou a trabalhar com a editora para o retificar.

De Bob Dylan, a Relógio d'Água editou em Portugal "Crónicas, volume 1", os dois volumes de canções, para os períodos 1962-1973 e 1974-2001, e "Tarântula", o seu único livro de ficção, escrito em 1966.

Outra novidade da Relógio d’Água é “Flores para Algernon”, de Daniel Keyes, uma obra de ficção científica originalmente publicada em 1966, que explora o conceito de múltiplas realidades, indagando se o mundo percecionado é o que realmente existe.

A narrativa centra-se em Charlie Gordon, nascido com um quociente de inteligência anormalmente baixo, que é sujeito a uma cirurgia experimental para lhe aumentar a inteligência.

A experiência, anteriormente bem-sucedida com um rato de laboratório chamado Algernon, resulta num aumento de inteligência que ultrapassa a dos próprios médicos, mas que também faz de Charlie testemunha de uma nova realidade: ácida, crua e problemática.

Com o passar do tempo, Charlie Gordon começa a questionar a sua sorte e a refletir sobre as suas relações sociais e a própria existência, enquanto Algernon, entretanto seu rato de estimação, começa a sofrer consequências inesperadas da experiência.

Da autora de “Hamnet”, a escritora da Irlanda do Norte Maggie O’Farrell, a Relógio d’Água publica agora “O Retrato de Casamento”, baseado na vida de Lucrézia de’Médici.

Maggie O’Farrell trata, neste romance, da relação de Lucrézia de’ Médici, duquesa de Ferrara, com Alfonso II d’Este, numa evocação da Renascença italiana em toda a sua beleza e brutalidade.

A melhor correspondência de Virgínia Woolf reunida num só livro, intitulado “Espíritos Afins. Cartas Escolhidas”, o segundo volume da premiada trilogia de ficção científica do chinês Liu Cixin, “A floresta sombria”, uma compilação dos artigos de Javier Marias, intitulada “Será o cozinheiro boa pessoa?”, um novo romance biográfico de Cristina Carvalho sobre o poeta irlandês W.B. Yeats, “Onde Vão Morrer os Poetas”, e um romance sobre o desejo e o dever de procriar, "Maternidade", da autoria da canadiana Sheila Heti, são outras novidades da editora.

A Companhia das Letras traz um novo livro de Afonso Cruz, “A flor e o peixe”, uma fábula poética ilustrada, inspirada em dois contos de José Saramago, que fala de empatia, perseverança e beleza.

Do mesmo autor, sai na Alfaguara mais um volume da coleção “Enciclopédia da Estória Universal”, este dedicado a “Deuses e Afins”.

A chancela vai também republicar “Matadouro Cinco”, do norte-americano Kurt Vonnegut, com prefácio de Salman Rushdie, um clássico da literatura do século XX e um dos mais importantes romances antibélicos de sempre.

A história parte de Dresden, em 1945, escassos meses antes do fim da II Guerra Mundial, quando a cidade é bombardeada até à destruição total e dezenas de milhares de pessoas são mortas numa só noite.

Escondido na cave de um matadouro, está Billy Pilgrim, jovem protagonista da narrativa, que, como Kurt Vonnegut, foi feito prisioneiro de guerra pelo exército alemão e sobreviveu ao bombardeamento.

Com Pilgrim, o leitor embarca numa odisseia que atravessa vários tempos - passado, presente e futuro – e mostra o caminho percorrido por qualquer vida destroçada, procurando sentido na inevitável falibilidade humana.

Kurt Vonnegut demorou vinte anos a transformar a sua experiência num romance sobre a guerra, que fosse diferente de todos os outros.

A Tinta-da-China faz chegar às livrarias em dezembro um livro inédito em Portugal, “Peste & Cólera”, de Patrick Deville, um “romance sem ficção”, vencedor de distinções internacionais, entre as quais o Prémio Fémina 2012.

Com prefácio de Juan Gabriel Vasquez, esta obra conta a imensa vida de Alexandre Yersin, o homem que descobriu o bacilo da peste e que tinha uma curiosidade infinita pelo mundo.

“Peste e Cólera” é o segundo volume da coleção “A Vida Privada dos Livros”, dirigida por Alberto Manguel, autor que vai também lançar o seu primeiro livro de ensaios “portugueses”, ou seja, escritos na perspetiva de quem vive agora em Lisboa e em Portugal: “Guia de um perplexo em Portugal”.

As novidades da Guerra e Paz para o próximo mês são a biografia oficial de Paulo de Carvalho, que celebra os 60 anos de carreira, e um livro de Ana Zanatti que homenageia os gatos, com ilustrações de Inês Galvão, intitulado “Gatos, mistérios ronronantes”.

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