O Convento dos Capuchos, a cerca de oito quilómetros de Almada, no distrito de Setúbal, é o principal cenário do festival, com direção artística do pianista Filipe Pinto-Ribeiro.
Além do convento do século XVI, os concertos do Festival dos Capuchos, cuja programação foi apresentada na terça-feira, decorrem também no Grande Auditório da Faculdade de Ciência e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa, na vizinha Costa de Caparica, realizando-se, paralelamente aos concertos, um ciclo de conversas a partir de efemérides literárias.
“A programação deste ano é especialmente preenchida por vários concertos monográficos, que nos permitem viajar por diversas facetas criativas e (re)descobrir obras de Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Beethoven, Franz Schubert e Fernando Lopes-Graça”, afirmou Pinto-Ribeiro.
O festival foi retomado no ano passado, depois de 20 anos sem se realizar, um regresso “saudado nacional e internacionalmente, que resgata o seu lugar de evento cultural de referência”, enfatizou Pinto-Ribeiro, realçando que, na edição do ano passado, “esgotou a maioria dos concertos”.
Sobre os participantes deste ano, o pianista, que pela segunda vez dirige o certame, destacou a Orquestra de Câmara de Viena, apontada como “uma das principais orquestras de câmara mundiais”, e os músicos Pierre Hantaï, Gérard Caussé, que regressa aos Capuchos mais de 30 anos depois, o pianista Konstantin Lifschitz ou o bandoneonista argentino Héctor Del Curto.
A par de nomes consagrados, Pinto-Ribeiro destacou também a participação de jovens músicos, vencedores de concursos mundiais, caso da violinista ucraniana Diana Tishchenko, da pianista russa Anna Tsybuleva, ou do violoncelista e maestro francês Victor Julien-Laferrière.
Em termos nacionais, o festival conta com a participação da Orquestra Gulbenkian, do DSCH – Schostakovich Ensemble, liderado por Filipe Pinto-Ribeiro, do ensemble Sete Lágrimas e do grupo Galandum Galundaina, que apresentará um concerto dedicado à música de Terras de Miranda.
No dia 25 de junho, o festival recebe um concerto dedicado à música de Astor Piazzolla com Héctor del Curto (bandoneon), David Castro-Balbi (violino), Jisoo Ok (violoncelo), Tiago Pinto-Ribeiro (contrabaixo), Rosa Maria Barrantes (piano) e Santiago del Curto (clarinete).
Os Galandum Galundaina atuam no dia 2 de julho, às 21h30, também na Faculdade de Ciência e Tecnologia. No mesmo dia, às 18h00, no Convento dos Capuchos, a soprano Susana Gaspar e o pianista Nuno Vieira de Almeida apresentam um recital dedicado a Fernando Lopes Graça (1906-1994).
O festival abre, no dia 16 de junho, com as Variações Goldberg, de Bach, pelo cravista Pierre Hantaï, a mesma peça que encerra o festival, no dia 10 de julho, desta feita interpretada por Alexi Kenney (violino), Lars Anders Tomter (viola d’arco) e Adrian Brendel (violoncelo).
A Orquestra de Câmara de Viena, sob a direção de Victor Julien-Laferrière, sendo solista a violinista Diana Tishchenko, apresenta-se no dia 17 de junho, no Grande Auditório da Faculdade de Ciência e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa, onde volta a tocar no dia seguinte, às 21h30 com um programa dedicado a Mozart, com os solistas Filipe Pinto-Ribeiro (piano), Diana Tishchenko (violino) e Gérard Caussé (viola d’arco).
O certame inclui uma programação de palestras sobre autores como Agustina Bessa-Luís, Marcel Proust ou Luís de Camões.
A conversa sobre Proust (1817-1922) é moderada pelo jornalista Carlos Vaz Marques e conta com o escritor António Mega Ferreira e o poeta e barítono Jorge Vaz de Carvalho.
Outra conversa é no dia 3 de julho, sobre “Os Lusíadas”, de Camões. “O impulso épico”, também moderada por Vaz Marques, com o escritor Manuel Alegre e leitura da epopeia camoniana por atriz Lia Gama, seguindo-se às 19h00, o concerto “Amor e tragédia nas viagens de Camões Tin-Nam-Men ou a Gruta de Patane” com o ensemble Sete Lágrimas (Filipe Faria e Sérgio Peixoto, voz, Pedro Castro, flautas e oboé barroco, Tiago Matias, alaúde, guitarra barroca e tiorba, Mário Franco, contrabaixo, e Baltazar Molina, percussão).
A programação contempla uma homenagem ao barítono António Wagner Diniz, cofundador do Festival dos Capuchos, com José Adelino Tacanho, que morreu em setembro 2004. Trata-se de um concerto “Carta Branca” a António Wagner Diniz, “que concebeu um evento original com a participação de um leque de jovens e cantores, seus discípulos”.
O concerto realiza-se a 8 de julho, no Convento dos Capuchos, e segundo Wagner Diniz, citado pelo diretor do festival, “pretende cumprir dois rituais, o de passagem de testemunho e o de despedida”.
O programa do concerto inclui peças dos compositores Artur Santos, Lopes-Graça, Fauré, Debussy, Satie e Poulenc interpretados pela soprano Laura Martins, a meio-soprano Rita Filipe, o barítono Diogo Chaves e o barítono-baixo Frederico Pais, acompanhados ao piano por Pedro Vieira de Almeida e Filipa Soares, e narração de António Wagner Diniz.
No dia 9 de julho, no Grande Auditório da Faculdade de Ciência e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa, o concerto é inteiramente dedicado a Ludwig van Beethoven, com a participação da Orquestra Gulbenkian, dirigida pelo maestro italiano Claudio Vandelli, com os solistas Alexi Kenney (violino), Adrian Brendel(violoncelo), Filipe Pinto-Ribeiro (piano) e da soprano Anna Samuil, solista da Ópera Estatal de Berlim.
Comentários