Foi ao som de bossa nova, fado e jazz, que a MEO Arena, em Lisboa, recebeu as centenas de pessoas que cruzaram as suas portas para assistir ao concerto do fenómeno espanhol, Pablo Alborán. Num ambiente calmo e agradável - entre copos de vinho e pipocas - netas, avós, casais, grupos de amigas ou famílias inteiras aguardaram inquietamente pelo cantor latino e a apresentação do seu mais recente álbum, “Terral”.
Percorremos o deserto e o oceano sem sair do lugar, nos ecrãs que enquadram o palco e, logo após os músicos tomarem os seus lugares, soam os primeiros acordes de “Está permitido”, que trazem o “malagueño” até junto do público, de sorriso no rosto, e levam os fãs à loucura. «Boa noite, Lisboa!». Tudo, na cuidada apresentação do concerto, nos grita “Terral”, calor, térreo, casa, liberdade, paixão...

Pablo Alborán no MEO Arena

Para onde quer que olhemos alguém dança ou acompanha Alborán cantando, agora “La escalera”. Em tons mais ritmados e apressados do que no álbum, Pablo interage com a banda e o público e até presenteia os presentes com alguns sensuais passos de dança.
«Boa noite, família. É um sonho regressar a Lisboa e estar, pela primeira vez, no MEO Arena. Muito obrigado por tanto carinho. Obrigado».

Pablo Alborán no MEO Arena

Terminado o interlúdio que se segue a“Pacos de Cero”, Alborán surge ao piano, regressando ao formato mais acústico a que habituou o público. Grita-se «Pablo». “Ecos” e “Recuérdame” trazem um tom mais intimista ao espetáculo. Hipnotizante, e com uma voz quente, o cantor faz as delícias dos presentes.
Mais uma coreografia de toda a banda e um duelo de percussão entre o cantor e o seu percussionista, Jorge Garcia, são as surpresas de “Quimera”. «Muito obrigado por me fazerem sentir em casa. Agora, cantar-vos-ei uma canção que para mim é muito especial: fala-nos de como só percebemos que desejamos algo quando deixamos de o ter». É assim que, com ar sereno, introduz “Desencuentro” e reforça a ideia de que merece o seu lugar no palco sustendo as notas durante longos períodos de tempo – o que, além de sorrisos, dá azo a várias interjeições.

Pablo Alborán no MEO Arena

“Quién” traz um tom mais sedutor e balões vermelhos em forma de coração surgem nas primeiras filas da plateia. “Caramelo” chama doce a Lisboa, e Alborán dança, encanta, desta vez, num tom ainda mais flamenco. Pede palmas, saltos, que agitem os braços e movimenta a cintura ao ritmo da canção. «Vamos, família». Chega-nos “Miedo” e logo a seguir “El Beso”, com o cantor e os guitarristas sentados em bancos altos no centro do palco.

Pablo Alborán no MEO Arena

Quando mais dois bancos são acrescentados aos já presentes, um deles junto a Alborán, não precisamos de legendas. O barulho torna-se ensurdecedor. Luís Guerreiro, sentado à esquerda, faz correr os dedos pelas cordas da sua guitarra portuguesa e Carminho entra, já depois de o espanhol começar a cantar “Perdóname”. Entre abraços, olhares cúmplices e sorrisos, o dueto é dividido com a audiência encantada. Os aplausos parecem não terminar. É apenas quando as luzes ameaçam extinguir-se que a ovação cessa e Carminho nos regala com “Alfama”. Pablo fecha os olhos, e centra-se na voz da fadista, chegando mesmo a emocionar-se. «Foi quando conheci a Carminho que me apaixonei por Portugal», confessa-nos.

Pablo Alborán no MEO Arena

“Te he echado de menos” traz-nos tons quentes e uma entrega fenomenal que atinge o clímax em “Tanto”, que o espanhol canta, em parte, ajoelhado no chão. «Estamos a aproximar-nos do final», segreda-nos. “Volver a empezar” faz o pavilhão implodir entre saltos, gritos e “oh ohs”. Vemos confetti no meio do público. Antes de fazer a vénia que anuncia a despedida, agradece à equipa de som, de iluminação, aos músicos, à Warner portuguesa e espanhola, ao público e a Lisboa. «Até sempre».

Quando abandona o palco, o barulho torna-se incomportável e “solamente él” regressa ao palco para dedicar ao público “Solamente Tu”. Ouve-se um «Casa comigo» e, ao som de “Gracias”, dezenas de papéis amarelos, vermelhos e verdes - onde podemos ler “Gracias” ou “Obrigado” - se erguem na plateia, desenhando uma bandeira portuguesa e uma espanhola lado a lado. Pablo sorri, emocionado, e leva a mão ao peito, fingindo guardar o gesto junto ao coração. Quando a música finda, endereça-se ao público para agradecer mas acaba por atirar os braços ao ar por lhe faltarem as palavras. Sobra-nos ainda tempo para "Despídete” e “Vívela”. Não sem antes anunciar que iria cantar em português uma canção que prometeu repetir sempre que regressasse. Pediu desculpa pelos possíveis erros e interpretou “Saudades do Brasil em Portugal”, de Vinicius de Moraes e Alain Oulmain.

Com os seus tons latinos, sensualidade, leveza e simpatia, o andaluz provou que não é apenas mais um cantor de música ligeira e que, cada vez mais, se afirma como um dos mais promissores nomes da música espanhola. À saída, as fãs não esconderam elogios ao novo estilo de concerto, à sua beleza, voz e presença em palco. «Serei sempre vosso, Lisboa». E, aparentemente, Portugal será, também, sempre dele.

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