Noite chuvosa num dia maravilhoso para aquecer os corações ao som de um dos “guias”de Mateus Aleluia - outro mestre da música afro-brasileira, que, há alguns dias, disse ao SAPO Mag que Gilberto Gil era o seu guru.

Com bilhetes esgotados, a estreia desta pequena digressão por Portugal, com a participação da cantora Adriana Calcanhotto, teve tons de esperança.

Perto das 22 horas, Gilberto Gil subiu ao palco com parte da sua família para agradecer a oportunidade de voltar a cantar em público.

Acompanhado pelo baterista Marcelo Costa, o músico também teve o privilégio de tocar com os filhos Bem Gil (guitarra) e José Gil (percussão), além dos netos João Gil (guitarra) e Flor (voz e teclados), que aos 13 anos já é dona de uma voz doce e uma presença de palco encantadora.

Com os clássicos ‘Expresso 2222’ e ‘Viramundo’, o artista iniciou os trabalhos recebendo uma vibração intensa do público. Nos momentos de pausa, os gritos de “Fora Bolsonaro” ecoavam pelo salão enquanto Gil, em plena forma aos seus 79 anos de idade, contava histórias e ria de si mesmo. Destaque para a versão de ‘Volare’, e, mais a frente, ‘I Say a Little Prayer’, ao lado da ‘pequena gigante’ Flor Gil, que já preparava o ‘terreno’ para receber Adriana Calcanhotto: a gaúcha mais portuguesa que a gente conhece.

E então, com Adriana, veio ‘A Paz’; canção que invadiu os nossos corações repentinamente e encheu-nos de paz… como se o vento de um tufão nos arrancasse do chão.

Já antes de ‘Elogio’, composta pela musicista no dia em que conheceu o mestre, Calcanhotto desabafou: “Tive medo de não voltar a dizer isso: boa noite, Lisboa!”. Encerrando, a seguir, o ‘momento duo’ com ‘Esquadros’.

Gilberto Gil
créditos: Stefani Costa

Gil também fez questão de nos contar a história de quando escreveu ‘Touché pas a mon pote’, canção em francês composta em 1985 para um evento da SOS Racismo, em Paris. “Fui ousado e escrevi em francês”, arrancando risos e aplausos da plateia. Noutro momento, afirmou com bom humor: “Sou cheio de me meter nas línguas dos outros!”.

‘Sarará Miolo’ (“Sara, sara, sara cura/ Dessa doença de branco/ De querer cabelo liso /Já tendo cabelo louro/ Cabelo duro é preciso/ Que é para ser você, crioulo”) deu lugar a ‘Back to Bahia’, que narra o retorno de Gil e Caetano Veloso após três anos de exílio impostos pela Ditadura Militar de 64 no Brasil. “Eram tempos difíceis”, lamentou. E da plateia se podia ouvir muitas pessoas a gritarem a plenos pulmões: “Agora também é! Bolsonaro Genocida!”.

A sequência emocionante de 'No norte da Saudade', 'Andar com fé’, 'Aquele Abraço', ‘Stir it Up' (versão de Bob Marley) e 'Tempo Rei' (Não me iludo / Tudo permanecerá do jeito que tem sido / Transcorrendo, transformando / Tempo e espaço navegando todos os sentidos”) arrancaram ‘tímidas lágrimas’ de alguns presentes.

Público
créditos: Stefani Costa

Gil, vestido de rosa claro dos pés à cabeça, levantou-se cheio de energia para sambar no compasso de ‘Aquele Abraço’, contagiando de vez toda a gente… E mostrando que a saúde está em dia!

No encore, Adriana Calcanhotto e todos os elementos da equipa designada para esta digressão (que inclui as crianças da família) tomou conta do palco para concluir uma noite de pura magia. Proporcionando, assim, muita alegria frente a um momento de resiliência a toda a humanidade.

‘Fico Assim sem Você’, ‘Madalena’ e ‘Toda Menina Baiana’ fizeram o Coliseu de Lisboa tremer enquanto as pessoas bailavam, revelando ‘sorrisos’ nos olhares daqueles que acreditam ser possível, ainda, fazer da Terra um sítio mais feliz.

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