Em declarações à Lusa, por escrito, Ai Weiwei explicou que as perspetivas para o futuro são essas, “se o Partido Comunista Chinês (PCC) mantiver as mesmas condições que tem hoje”, porque “não há competição entre vários partidos e não há liberdade de expressão, não há um sistema judicial independente e o Estado controla o exército e as forças policiais de forma severa”.

“Portanto, [o regime] pode durar enquanto o PCC quiser”, comentou, acrescentando que “aquilo a que chamamos sociedade civil nunca existiu na China, e é impossível que exista”.

“Além disso, o PCC não se confronta com quaisquer verdadeiros desafios da comunidade internacional, porque as empresas ocidentais e os países ocidentais, em grande medida, querem uma interação e uma relação com um país tão autocrático para obterem lucro – desta perspetiva, a vida do PCC será muito longa”, insistiu.

Depois de ter ouvido o discurso dos dirigentes do partido na quinta-feira, Ai Weiwei considerou que “a parte mais impressionante foi quando foi anunciado que todos quantos quiserem deter o Governo do PCC ou o desenvolvimento da sociedade chinesa vão ‘bater com a cabeça e sangrar’”.

“Esta foi a parte que foi mais entusiasticamente aplaudida durante o discurso – podemos ver que o PCC tornou tudo muito claro, e a mensagem para o Ocidente, especialmente para os países ocidentais, é que não tenham quaisquer ilusões acerca deles”, sustentou.

“O PCC é um partido com 95 milhões de membros, quase 100 milhões; este partido é quase um partido do povo todo, já que a China tem uma população de 1,4 mil milhões, [e] os seus objetivos estão constantemente a alterar-se”, disse o artista chinês, fazendo um balanço dos 100 anos de vida do PCC.

“No princípio, o objetivo era criar um Governo através de uma revolução violenta e forças armadas – este objetivo foi alcançado; Numa segunda fase, o objetivo era eliminar a classe dos proprietários de terra, o que incluía toda a gente que tivesse propriedade privada, [e] os donos de negócios foram executados a tiro, nessa altura – esse objetivo também foi alcançado, tendo o PCC adquirido toda a riqueza da China”, explicou.

Na fase seguinte, prosseguiu, “enquanto construía o país, o PCC queria conquistar o Reino Unido e os Estados Unidos – este objetivo não foi concretizado na altura, mas o que se seguiu foi a Revolução Cultural, que durou dez anos”.

“Foi uma luta política interna: Mao Zedong, como líder do partido, atingiu o seu objetivo ao livrar-se de toda a gente que se opunha ao partido a partir do seu interior, mas também levou o país até à beira do colapso económico”, apontou.

Depois, em 1979 e 1980, Deng Xiaoping propôs uma ‘Reforma e Abertura’ – “uma política que se mantém até hoje, o que significa que o partido praticamente abandonou a teoria de Mao Zedong de prosseguir a revolução sob a ditadura do proletariado”, referiu.

“Em vez disso, a nova teoria do capitalismo estatal foi aplicada: o Estado continua a controlar tudo o que diz respeito à economia do país, mas é relativamente mais relaxado, e o clima económico é competitivo”, o que fez com que “durante esse período, a China tenha encontrado a sua maior oportunidade”, indicou.

“À medida que a China se abria, o Ocidente desejava ter acesso ao enorme mercado de trabalho de 1,4 mil milhões de pessoas: o Ocidente começou a investir freneticamente e foi bem-sucedido na obtenção de lucro, ao passo que a China, liderada pelo PCC, é, de facto, uma gigantesca empresa, tendo-se tornado a segunda maior economia do mundo”, frisou.

E, por isso, “podemos dizer que o PCC, apesar de ter passado por uma série de mudanças, ainda mantém o controlo sobre o país”, concluiu.

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