Ao receber um prémio pela carreira nos Globos de Ouro no domingo à noite, Meryl Streep arrasou Donald Trump e o presidente eleito dos EUA não demorou a responder no Twitter, chamando-lhe uma das "atrizes mais sobrevalorizadas de Hollywood".

Várias estrelas saíram em defesa da vencedora de três Óscares e a mais recente foi Robert De Niro.

Os dois trabalharam juntos em "O Caçador" (1978), "Encontro com o Amor" (1984) e "Duas Irmãs" (1996) e agora De Niro escreveu-lhe uma carta, que foi obtida pela revista People.

"Meryl,

O que disseste foi excelente. Precisava ser dito e disseste-o lindamente. Tenho tanto respeito por ti por o teres feito quando o mundo estava a festejar os teus sucessos. Partilho dos teus sentimentos sobre rufias e fanfarrões. Basta. Tu, com a tua elegância e inteligência, tens uma voz poderosa – uma que inspira outros a falarem livremente para que suas vozes sejam também ouvidas. É tão importante que todos falemos livremente.

Nós adoramos-te.

Bob"

No domingo à noite, Meryl Streep, grande apoiante de Hillary Clinton durante a campanha presidencial, usou o seu tempo para defender Hollywood, os estrangeiros e a imprensa, alguns dos alvos preferidos do presidente-eleito.

"Quem somos nós? E o que é Hollywood afinal? É só um grupo de pessoas de outros lugares", declarou, antes de enumerar a origem de muitos dos presentes nas salas.

"Onde estão as suas certidões de nascimento. Se os expulsarem a todos, não vão ter nada para ver excepto futebol e artes marciais [MMA], que não são artes", reforçou.

A estrela acrescentou que existiram "muitas interpretações poderosas este ano", mas existiu uma que a "espantou" mais.

"Não por ser boa. Não havia nada de bom nela. Mas foi eficaz e fez a sua função. Foi feita para fazer as pessoas rirem e mostrarem os seus dentes. Foi aquele momento em que a pessoa que pedia para se sentar no lugar mais respeitado no nosso país imitou um jornalista com deficiência — alguém que ultrapassava em privilégios, posição e capacidade de ripostar. De certa forma, o que vi partiu o meu coração e ainda não consigo tirar [esse momento] da minha cabeça porque não foi num filme — foi na vida real", recordou, referindo-se ao incidente que envolveu Trump e o jornalista do New York Times Serge Kovaleski, que tem artrogripose.

A atriz apelou ainda à imprensa e aos jornalistas para questionarem o poder — "Vamos precisar deles e eles vão precisar de nós para proteger a verdade" — e concluiu partilhando algo que a amiga Carrie Fisher lhe disse um dia: "Pega no teu desgosto e transforma-o em arte."

O discurso.