Embora o 'Sol Negro' não seja de uso exclusivo de grupos de ultradireita, como esclareceram alguns historiadores, a produtora dos espetáculos da artista, a Live Nation, decidiu suspender a venda deste símbolo 15 dias depois de abrir o espetáculo na Alemanha, no dia 3 de junho.
"O colar desenhado pela Live Nation para a digressão El Dorado de Shakira baseou-se na iconografia pré-colombina", alegou a empresa norte-americana na sua conta no Twitter.
Entretanto, "alguns fãs expressaram a sua preocupação porque o desenho tem semelhanças involuntárias com imagens neonazis. Pedimos sinceras desculpas por esta semelhança inadvertida e retiramos permanentemente o artigo da coleção da digressão", acrescentou a Live Nation.
Nas redes sociais, Shakira foi chamada de "nazi" por vender na sua loja oficial o colar com o 'Sol Negro', símbolo usado pelas SS (Schutzstaffel, organização paramilitar do partido de Adolf Hitler) durante a Segunda Guerra Mundial.
Um portal alemão de notícias atiçou a polémica sobre o desenho. "O símbolo oculta três suásticas (...) Uma simples pesquisa de imagens no Google e na Wikipédia demonstra isso. O 'Sol Negro' é um símbolo nazi. Quando for ou onde for ("Whenever, wherever")", afirmou, referindo-se à famosa canção da artista colombiana.
Embora o símbolo tenha sido usado pelos nazis, a sua origem é anterior e não é proibido na Alemanha, como outras insígnias de extrema direita, e foi usado pelos grupos esotéricos.
No seu livro "Black Sun: Aryan Cults, Esoteric Nazism, and the Politics of Identity", o historiador e académico britânico Nicholas Goodrick-Clarke afirma que o ícone da controvérsia remonta aos discos ornamentais dos merovíngios, uma dinastia medieval que reinou parte da Europa ocidental entre os séculos V e VIII.
Álvaro Ortiz, investigador da Unidade de Património Cultural e Histórico da Universidade do Rosário da Colômbia, também reforça o uso múltiplo de alguns símbolos que passaram a ser associados aos nazis.
"A empresa tem razão no sentido em que (...) sob a suástica foram cometidas as piores atrocidades do mundo, mas como simbologia, como cruz, se encontra também no Oriente, por exemplo", disse à AFP.
Embaixadora da boa vontade do Unicef (Fundo Mundial para a Infância), Shakira, de 41 anos, manifestou-se diversas vezes contra o racismo em artigos como o que escreveu, em fevereiro de 2017, na revista Time contra a política de Donald Trump.
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