Um tribunal da Califórnia ordenou tornar públicos os documentos do caso de violação contra Roman Polanski que, de acordo com o cineasta fugitivo, provariam falhas no seu processo judicial.

Polanski foi acusado em 1977 de ter drogado, embebedado e violado Samantha Gailey, que tinha 13 anos na época.

O Ministério Público de Los Angeles informou em comunicado que serão publicadas as transcrições do ex-procurador-geral Roger Gunson, que ficou a cargo do caso originalmente.

Desconhece-se quando os documentos serão publicados, informou o Ministério Público, que comemorou o anúncio, feito dois dias depois da retirada da objeção de muitos anos a este pedido.

"Estamos satisfeitos que o tribunal de apelo esteja de acordo com a vítima e com o nosso gabinete a respeito da necessidade de transparência", declarou em comunicado o procurador-geral de Los Angeles, George Gascon, em contraste com a posição de vários dos seus antecessores no cargo, que se opuseram à publicação.

O realizador franco-polaco foi detido em 1977 por esta acusação.

Para evitar que a então adolescente fosse exposta judicialmente, o Ministério Público retirou as acusações mais graves num acordo segundo o qual Polanski se declarou culpado de ter mantido relações sexuais com uma menor.

Ele ficou preso durante 42 dias, enquanto se submeteu a uma avaliação psiquiátrica.

Mas quando constou que o juiz Laurence Rittenband (falecido em 1993) planeava reconsiderar e proferir uma sentença de prisão muito mais longa, Polanski fugiu para a França, onde reside.

Desde então, o famoso realizador nunca voltou aos EUA.

Polanski pediu a revelação das transcrições "há vários anos" para investigar "uma alegada má conduta judicial", segundo o Ministério Público de Los Angeles.

No entanto, a revista The Hollywood Reporter afirma que esta nova solicitação não veio de Polanski, mas de dois jornalistas.

Gailey perdoou publicamente o realizador em 1997, e disse que o tratamento que ele recebeu da imprensa e do sistema judicial foi pior que o próprio crime.

Ela também pediu que as transcrições fossem tornadas públicas.

"A vítima foi notificada da decisão do tribunal e está muito agradecida de ver que concordaram com a nossa posição, assim como do apoio do gabinete do procurador-geral", disse o promotor, segundo quem Polanski deve submeter-se à justiça nos EUA.

O realizador de sucessos como "A Semente do Diabo" e "O Pianista" nega as acusações, que prescreveram devido ao tempo decorrido.

Polanski, de 88 anos, foi acusado por outras mulheres de agressão sexual.