Eram cerca de 23h15 do dia sete de setembro de 1996 quando vários tiros foram disparados contra um BMW 750iL. Quatro deles atingiram Lesane Parish Crooks, que viria a morrer seis dias depois, a 13, no Centro Médico da Universidade do Sul do Nevada. Tupac Amaru Shakur, através do qual ficou conhecido, deixou-nos aos 25 anos.

Se a sete de setembro o músico não tivesse ido assistir ao combate de Bruce Seldon contra Mike Tyson, ou se não estivesse a caminho do Club662 com o presidente da sua editora, Suge Knight, talvez chegasse a completar 45 anos no passado dia 16.

Mas a verdade é que morreu e o hip-hop está quase a fazer 20 anos sem uma das suas maiores bandeiras, aquele que ainda é considerado por muitos como o melhor rapper de sempre.

O legado de Tupac vai da música ao cinema, chegando mesmo ao teatro. Muitos ainda são influenciados por tudo o que fez. Há quem diga que se Tupac estivesse vivo, o rap estaria diferente. Estaria mesmo? Nunca saberemos.

Apesar de o hip-hop ter cada vez mais peso nos tops de vendas, mais “airplay” nas rádios e de quase todas as novas estrelas pop estarem associadas à música urbana, o gangsta rap caiu em declínio há muito. E ficamos sem saber se rappers como Tupac ou o também desaparecido Notorious B.I.G. teriam a capacidade de se adaptar e moldar a novas tendências, como o fizeram Jay Z ou Dr. Dre nos últimos anos. Certo é que a morte do rapper teve um grande impacto.

São muitos os rappers que colocam Shakur como uma das suas principais influências. A sua vida e a morte abriram a porta para que hoje pudéssemos ouvir 50 Cent, Eminem, Kendrick Lamar, Drake, B.oB., Schoolboy Q e muitos outros.

Tupac foi um dos artistas favoritos de 50 Cent, que facilmente se identificava com as suas rimas. “Ele parecia estar fora de controlo. A maneira como ele se movia era o que o tornava num entertainer tão excitante”, afirmou numa entrevista.

Um dos maiores nomes do hip-hop atual, Drake, confessa que gostaria de ser como Shakur. Elogia o seu espírito livre e a forma como o rapper fazia sempre o que queria, sem se importar muito com a opinião de terceiros.

Já Kendrick Lamar cresceu a ouvir o rapper e realça o poder que o MC tinha nas pessoas que o rodeavam.

Aos 25 anos, Tupac Shakur tinha cinco discos lançados e participações em sete filmes - três deles estrearam depois da sua morte. Conta agora ainda com seis álbuns póstumos, graças à enorme quantidade de temas que gravou em vida. Ao todo o rapper vendeu mais de 75 milhões de álbuns.

A sua morte elevou-o ao estatuto de lenda. Alguém que viveu no limite e morreu devido ao estilo de vida que tanto defendia. Ainda há quem acredite que não tenha morrido e são muitas as teorias de conspiração sobre a sua morte.

Para nós terá sempre 25 anos, a cantar clássicos como "California Love" ou "Dear Mama". Um ativista, poeta e ator, que foi preso e levou o hip-hop para o mundo. E por isso podemos encontrar memoriais em sua honra - sob a forma de graffitis - desde os subúrbios de Los Angeles até à Grande Lisboa.