“Asteraceae”, que marca a reabertura da galeria da Rua Fernando Palha, depois de quase três meses encerrada devido à pandemia da COVID-19, é, nas palavras de Swoon, “uma pequena viagem, que começa com as técnicas mais simples, como desenho a tinta sobre tela, passando por impressões em bloco de linóleo em larga escala, coladas em objetos encontrados, e terminando numa bobina de animação em ‘stop motion’, que representa dois anos de descoberta do ‘stop motion’”.

Além disso, como contou a artista à Lusa numa entrevista por email, “há também trabalhos em papel artesanal, usando técnicas de pintura e impressão coladas com telas de seda e pintura à mão”.

“É uma espécie de secção transversal do meu processo criativo”, explicou.

A “pequena viagem” é feita também através do tempo, com algumas das obras expostas criadas “há 10/12 anos, e outras agora”. Em “Asteraceae” há ainda algumas obras, como a animação, que “estiveram a fermentar algum tempo”.

O nome que escolheu para a primeira exposição em Portugal está ligado ao momento que se vive no mundo, com a pandemia da COVID-19.

Asteraceae é a família de flores à qual pertence o dente-de-leão, “que se mantém no mesmo sítio, mas envia as suas sementes para-quedas através do vento”.

“Com as fronteiras fechadas e a proibição das viagens, não posso viajar para Lisboa, embora adorasse conhecê-la um dia, e tinha essa imagem na minha mente. Percebi que para já essa teria que ser eu: posso enviar os meus trabalhos para o outro lado do oceano, para dizerem olá por mim, e espero que nos encontremos pessoalmente noutra altura”, disse.

Em termos de trabalho, o confinamento a que a pandemia remeteu a artista tem-na feito ir “muito mais para dentro”. “Para examinar os últimos 20 anos da minha vida – quão louca e por todo o mundo tem sido. Estou a começar a digerir e apreciar isso. Tenho dado comigo a fazer muitos desenhos pequenos e a escrever muito. Coisas que posso fazer em casa sozinha, sem precisar da ajuda de um grande coletivo ou equipa para me ajudar a executar”, partilhou.

Caledona Curry, nascida em 1977, começou a assinar como Swoon em 1999, quando começou apresentar os seus trabalhos nas ruas de Nova Iorque.

O trabalho da “primeira mulher a ganhar reconhecimento alargado no mundo predominantemente masculino da ‘street art’”, como recorda a Underdogs, “tornou-se conhecido por casar o fantástico e o mundano, juntando frequentemente a isto elementos de fábulas e mitos, assim como um motivo recorrente do sagrado feminino”.

A obra de Swoon já foi exposta em galerias e museus nos vários continentes.

Simultaneamente, na Underdogs estará também patente a exposição cápsula “Slit” da artista norte-americana Heather Benjamin.

A partir deste ano, os artistas que apresentam coleções cápsula na galeria são escolhidos pelos artistas da exposição principal. Ou seja, Heather Benjamin foi uma escolha de Swoon.

Swoon recordou à Lusa que a primeira vez que viu um trabalho de Heather Benjamin foi “um pequeno alfinete de uma mulher a montar o rosto da lua”.

“Era totalmente atrevido e, no entanto, totalmente ‘empoderador’, e acho essa qualidade dupla um tanto rara nas obras de arte. Desde então tornei-me fã. Quando a Underdogs me pediu para sugerir outros artistas, ela foi alguém cuja voz eu queria ver aparecer em mais sítios”, referiu.

As exposições, patentes até 8 de agosto, são de entrada livre.

A Underdogs é uma plataforma cultural, fundada em 2010 pela francesa Pauline Foessel e pelo português Alexandre Farto (Vhils), que se divide entre arte pública, com pinturas nas paredes da cidade, exposições dentro de portas (no n.º 56 da Rua Fernando Palha) e a produção de edições artísticas originais.

A plataforma começou em 2015 a organizar visitas guiadas de Arte Urbana em Lisboa.

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