O júri será constituído pela presidente da Fundação Internacional Alfredo Kraus, Rosa Kraus Ley, que promove o concurso, o diretor artístico da Fundação, Mario Pontiggia, e pela soprano Elisabete Matos, diretora artística do TNSC.

As semifinais e a final realizar-se-ão no auditório Alfredo Kraus, em Las Palmas de Grã-Canária, terra natal do tenor espanhol, que regularmente atuou no TNSC desde finais da década de 1950 até meados dos anos de 1990.

Numa entrevista à televisão espanhola, Alfredo Kraus (1927-1999) realçou a sua "forte ligação" ao teatro lírico lisboeta, onde atuou todos os anos, desde que se estreou, em 1958, ao lado Maria Callas, em "La Traviata", de Verdi, até 1967. Fez uma pausa em 1968, da sua presença em Lisboa, e voltou em 1969, atuando em todas as temporadas até 1971. Em 1974, Kraus fez parte do elenco das óperas "La Favorita" e "La Traviata", de de Verdi, voltando nos anos seguintes até 1980. Durante a década de 1980 atuou em três óperas. A última atuação do tenor espanhol foi na ópera "Werther", de Massenet, em 1990.

"Alfredo Kraus é um dos nossos", disse hoje Elisabete Matos, realçando a ligação do teatro lisboeta ao tenor, que lhe proporcionou interpretar os papéis que gostaria.

Elisabete Matos, amiga da família de Kraus, referiu "o maravilhamento" do público ao ouvir as interpretações de Kraus, senhor de uma "voz afinada" e "excelente respiração".

"Kraus estava no S. Carlos como em sua casa", disse Matos, realçando os muitos admiradores que o cantor tinha em Lisboa. Alguns terão contribuído para a exposição sobre o tenor, patente no salão nobre do teatro.

A exposição inclui dois figurinos que Kraus usou, do arquivo do TNSC, como duque de Mântua, em "Rigoletto", ópera levada à cena neste teatro em 1979, e o de Edgardo de "Lucia di Lammermoor", da ópera de Donizetti, apresentada em 1977.

Da exposição, constam ainda fotografias do cantor por si autografadas e vários programas de sala, um deles da estreia em Lisboa de "Dialogues des Carmélites" (1958), à qual assistiu o seu compositor, Francis Poulenc, que assinou também o programa. É também possível escutar trechos interpretados por Alfredo Kraus, gravados no TNSC.

As eliminatórias de Lisboa são as terceiras do concurso, depois das realizadas no Teatro del Maggio, em Florença, Itália, de onde foram escolhidos 17 cantores, e no Teatro Nacional de La Zarzuela, em Madrid, de onde saíram nove concorrentes.

Haverá ainda uma eliminatória a realizar em Las Palmas de Grã-Canária, onde se realizam as últimas semifinais e a final, nos próximos dias 20 a 25 de setembro.

O vencedor recebe um prémio no valor de 14.000 euros. O 2.º classificado, 11.000 e, o 3.º, 10.000 euros.

O melhor concorrente espanhol e o melhor 'canário' recebem, cada um, 3.500 euros.

O diretor da fundação, Mario Pontiggia, com um longo percurso como diretor de cena, que se estreou no TNSC há 30 anos e foi diretor de produção da Ópera de Monte Carlo, lembrou que o facto de o júri, ao incluir diretores de teatro, dá a possibilidade a jovens cantores de serem ouvidos, "quando é tão difícil conseguir uma audição para se ser contratado".

Pontiggia deu o exemplo de sete jovens cantores do concurso anterior, que, embora não tenham vencido, obtiveram uma oportunidade para começar a trabalhar, e acabaram contratados, para atuarem em diferentes salas.

Em 2019, o VII Concurso Internacional de Canto Alfredo Kraus deu a vitória ao baixo barítono Manuel Fuentes Figueira, de Valência, Espanha. Desde então, e apesar da pandemia, o cantor, que também conquistou o Prémio do Público, tem atuado em diferentes salas espanholas, do Teatro da Zarzuela, em Madrid, ao Teatro de Palma de Maiorca, sobretudo em óperas de Verdi, Rossini e Mozart.

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