O festival, que conta com a direção artística de Jesse James e Sofia Carolina Botelho, promove a criação artística multidisciplinar no contexto cultural e geográfico dos Açores.

Em relação à edição deste ano, Jesse James realça a importância da “relação renovada” do festival com a cidade de Ponta Delgada e com a ilha de São Miguel, uma relação que acredita ser sintetizada pelo Pavilhão Walk & Talk, um espaço que “voltou ao espaço público” e que funciona como “ponto de encontro físico, mas também de interceção de artistas de disciplinas muito diferentes, de expressões muito distintas, mas que encontram no festival um lugar de diálogo”.

Para Sofia Carolina Botelho, o festival está intimamente ligado ao local em que se insere, que, “por ser uma ilha, permite uma interação com o território muito interessante”.

Esta ligação surge de forma “espontânea”, uma vez que os artistas são escolhidos pelo trabalho desenvolvido, mas há uma preocupação em perceber como se podem “infiltrar e relacionar com pessoas de cá [de São Miguel], com instituições de cá, e com os lugares de cá”, uma preocupação que é tida em relação aos artistas que vêm “de fora”, mas que se estende, também, aos açorianos que apresentam o seu trabalho no festival.

As oito edições deram espaço para a “experimentação”, já que, defende Jesse James, o lugar que o festival ocupa é o de “testar coisas, pensar, falhar, errar, mas também concretizar e ter sucesso noutras [coisas]”.

Esta edição contou com o com apoio financeiro da DGArtes, que foi canalizado para a melhoria das “condições para artistas e trabalhadores do festival”, uma decisão que Sofia Carolina Botelho atribui à “responsabilidade [do festival] enquanto agente no setor cultural”.

Os oito anos de existência do Walk & Talk trouxeram “mais dinâmica e mais abertura” ao contexto artístico e cultural dos Açores, mas não facilitaram o trabalho, uma vez que a visibilidade que o festival foi ganhando trouxe “um público muito crítico” e despertou a atenção da comunidade artística internacional, o que acarreta uma responsabilidade adicional, mas também um respeito acrescido pelo trabalho desenvolvido.

O fim do festival em Ponta Delgada não traz descanso à organização, que está já a preparar a edição da ilha Terceira, que arranca em outubro, e a planear “com entusiasmo” o próximo ano.