No último dia de 2019, os Xutos & Pontapés atuaram no Terreiro do Paço, na Festa de Fim Ano de Lisboa. Este ano, tinham “tudo preparado para voltar a tocar por volta do 25 de Abril e o grande concerto no 1 de maio na Altice Arena com a Orquestra Filarmónica Portuguesa”, recordou o vocalista da banda, Tim, em declarações à Lusa.
“E agora estaríamos em ‘tournée’ regular, mas tudo deu a volta, como deu a toda a gente”, disse, em referência às alterações na vida dos cidadãos em todo o mundo, devido à pandemia da COVID-19, cujo primeiro caso em Portugal foi detetado no início de março.
O concerto de quinta-feira no Tivoli “acaba por ser uma novidade, dentro dos novos tempos”, com a lotação da sala reduzida e o público obrigado a manter a máscara durante o espetáculo.
“Pode haver alguma novidade, alguma estranheza, mas espero que corra tudo muito bem”, afirmou.
Ao longo de 41 anos de carreira, lembrou Tim, a banda passou “por coisas parecidas, agora assim tão geral e com tanta gente envolvida, não”.
“Realmente é muito complicado, mas temos de olhar em frente”, declarou.
Tal como a maioria dos portugueses, também os elementos dos Xutos & Pontapés estiveram “confinados, cada um na sua casa, longe uns dos outros”.
“Só há bem pouco tempo é que começámos a ter encontros mais regulares”, contou Tim.
Esses encontros serviram para ensaiar o espetáculo de quinta-feira, que vai incluir “ainda muitos temas dos 40 anos, uma ‘tournée’ que acabou por ficar interrompida, e mais umas coisitas diferentes que ficaram na moda agora no covid, mas, fundamentalmente, são as músicas dos Xutos e é um concerto dos Xutos”.
Depois do concerto no Tivoli, a banda já tem outras atuações agendadas, mas mesmo essas “não estão garantidas”.
“Estamos ainda numa fase de combate à pandemia e ainda estamos dependentes de muitas coisas. Mas se tudo correr bem haveremos de tocar outra vez em breve”, referiu.
Os Xutos & Pontapés editaram, no final do ano passado, "40 Anos a Dar no Duro", um duplo álbum que reúne as 40 músicas mais marcantes da carreira da banda, alinhadas por ordem cronológica.
O mais recente álbum de originais, “Duro”, data de janeiro do ano passado, quando a banda completou 40 anos de carreira.
"Duro" foi o primeiro álbum que Kalú, Tim, João Cabeleira e Gui editaram sem o guitarrista Zé Pedro, que morreu em 2017, mas o registo inclui gravações feitas ainda por este músico.
O nascimento oficial dos Xutos & Pontapés aconteceu em 13 de janeiro de 1979 no salão de baile dos Alunos de Apolo, em Lisboa, numa noite em que tocaram quatro músicas em pouco mais de cinco minutos.
Na altura, o grupo, que chegou a chamar-se Delirium Tremens e depois Beijinhos e Parabéns, integrava os jovens Zé Pedro, Kalú, Tim e Zé Leonel, influenciados pelo punk-rock que entrava em força na cena musical estrangeira.
Quarenta e um anos depois, o grupo persiste na música portuguesa com mais de uma dezena de álbuns e muitas canções que servem de âncora para um clã do rock com milhares de fãs de várias gerações.
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