A Metropolis foi um dos meios de comunicação social presentes na entrevista por teleconferência com Allison Tolman, a atriz-revelação de "Fargo", que levantou o véu sobre como a sua vida mudou ao ser escolhida para ser uma das protagonistas daquela que está entre as mais fortes propostas televisivas desta temporada.
Metropolis - Como conseguiu este papel?
Allison Tolman - A minha formação é em teatro e um pouco de segmentos de comédia, e estava em Chicago quando consegui o papel, estando a trabalhar no meu emprego normal e a fazer audições aqui e ali, mas realmente sem estar a conseguir nada. Fiz uma gravação para "Fargo" e depois saí da sala e esqueci-me do assunto e continuei com o dia-a-dia da minha vida. E então, algumas semanas mais tarde, chamaram-me e pediram para ir fazer um teste em Nova Iorque e cinco dias depois telefonaram e disseram que tinha o papel. Portanto, acabou por ser uma revelação acelerada e uma forma realmente rápida para a nossa vida mudar tanto da noita para o dia.
Quando recebeu a chamada e lhe ofereceram a personagem, o que lhe passou pela cabeça ao ter a oportunidade de trabalhar com um elenco tão incrível no seu primeiro grande papel em televisão?
Foi certamente esmagador e acho que quando recebi a chamada provavelmente estava em choque. Noah Hawley [criador da série] telefonou e disse-me que tinha o papel. E de acordo com o que ele diz, respondi “Obrigada” muito educadamente e depois tinha de desligar para regressar ao trabalho. Sei que internamente estava realmente a passar-me e em delírio, mas ele disse que, na altura, estava muito calma e composta. Portanto, sim, foi assustador, mas felizmente quando cheguei todos foram tão gentis e pacientes e acolhedores que não tinha muito para me preocupar.
Molly acaba por ser a pessoa que é realmente inteligente, que relaciona as coisas, embora não seja muito expansiva em relação a isso. Qual for a sua abordagem?
Acho que essa é um dos melhores aspectos sobre a Molly, que ela apenas é compelida pelo seu fortíssimo sentido de dever, acho que é isso que a ela leva a fazer coisas. E não é uma ambição pessoal, ela não é arrogante sobre como é mais inteligente que toda a gente, não está a tentar atropelar ninguém, apenas vê o que precisa ser feito e leva muito a sério concretizá-lo. Ela vê-se numa posição não por querer uma vantagem ou glória pessoal, mas porque mais ninguém o fará. E acho que isso é uma das facetas mais cativantes dela.
De todas as facetas da sua personagem, qual foi o papel que teve na sua construção? Foi tudo do Noah Hawley ou teve a possibilidade de construir a sua personagem fazendo alguma improvisação?
Acho que muito [dessas facetas] é do Noah. Escreveu uma personagem realmente poderosa que quando a li tive uma reacção muito forte sobre a forma como era suposto ser interpretada. Acho que provavelmente é uma divisão muito equitativa entre as coisas que o Noah escreveu, a mulher que escreveu, e depois a minha interpretação dela. Mas sim, acho que a forma como ela está definida e as suas diferentes facetas que temos oportunidade de ver e descobrir conforme avançamos na temporada é uma das melhores coisas sobre ela.
O que foi o mais interessante dessa experiência?
Ah, essa é difícil. Como atriz e a chegar à televisão como uma novata, acho que foi realmente fascinante trabalhar com Martin Freeman, por causa da liberdade que ele tem quando filma. Não tem qualquer medo de fazer algo diferente, tomada após tomada após tomada, cada um diferente, e isso foi realmente fascinante para mim acabada de chegar. E não consigo imaginar ter a confiança que ele tem para ser capaz de simplesmente balançar tão radicalmente de um extremo ao outro, como ele faz, e acho que é isso que o faz tão fantástico e dá tanto trabalho aos editores quando estão a tentar descobrir que tomada é que devem aproveitar. Isso foi realmente fascinante.
Interpretando uma polícia na série, teve algum medo de ser comparada a Frances McDormand?
Certamente que o medo estava lá. E sabia ao entrar que essas personagens eram realmente muito diferentes e que a personagem de Molly era bastante forte por si mesma. Mas tive essa preocupação a sério, especialmente como uma principiante. Sabe como é, ninguém se lança como cantora e tenta comparar-se com Judy Garland. Para mim, foi assustador vir para esta personagem, sabia que as pessoas faziam a associação com ela, as comparações eram stressantes. Mas acho que provámos nos últimos episódios e desde que começámos que estas personagens são suficientemente diferentes para que as pessoas possam fazer paralelismos entre elas, mas não têm de competir umas contra as outras. Por isso, acho que alguma dessa pressão desapareceu.
Como é ser uma verdadeira detetive na dinâmica desse mundo implacável?
Acho que o que a Molly tem a seu favor é que tem um talento natural para ser detective, o seu cérebro funciona dessa forma. Se continuasse sem ser testada e este caso nunca se lhe tivesse atravessado no caminho, ela poderia nunca ter descoberto isso sobre si. Mas isto chegou e aterrou-lhe no colo, ela está a começar a descobrir como é boa neste género de trabalho de investigação analítica. E acho que é realmente um mundo implacável, um mundo brutal em que esta série tem lugar, mas ela é tão pragmática que acho que consegue ajustar-se e permanecer emocionalmente distantes das coisas que estão a acontecer e simplesmente continuar a fazer o trabalho.
Quando conseguiu o papel percebeu que se estava a tornar numa das personagens principais de "Fargo"? Como é que foi trabalhar com um elenco destes sabendo que seria um dos pilares da série?
Sim, foi uma experiência bizarra passar de uma total desconhecida para ser um dos quatro principais atores creditados numa série como esta que é tão bem recebida. E, repito, estava tão intimidada ao entrar no projeto, mas fui muito bem tratada, pelo que isso rapidamente dissipou-se. E até ter começado a ler o segundo e terceiro episódio não sabia verdadeiramente o quão importante a Molly iria ser para o processo. Descobri conforme fui avançando, o que foi muito divertido.
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