A minissérie "The Eddy" (oito episódios) está disponível desde 8 de maio através da Netflix. Entre os seus realizadores está Damien Chazelle, vencedor do Óscar por "La La Land".
Crítica de Daniel Antero.
Parecia uma combinação perfeita para uma viagem de alma e arritmias, com intriga e improvisos: jazz, as ruas sujas de Belleville e Damien Chazelle, que trouxe paixão e pulso a filmes como "La La Land" e "Whiplash".
Mas o realizador, com o seu tom livre, de câmara solta e luzes encadeantes, serve somente como chamariz para convencer as pessoas a dirigirem-se ao clube de jazz de Paris que dá nome a esta nova série da Netflix "The Eddy".
Na verdade, o palco é para o argumentista Jack Thorne, o pianista Randy Kerber e o compositor Glen Ballard, que compõem vários temas musicais originais e o propósito "jazzistico" que envolve o universo de Elliot (Andre Holland, do vencedor do Óscar de Melhor Filme "Moonlight"), antigo pianista de renome que vive um quotidiano caótico e esmagador, enquanto co-proprietário do clube e líder da banda residente.
Com cada episódio focado em personagens diferentes do clube, que à vez se vão chegando à frente para solar, acompanhamos o presente atormentado da vocalista Maja (Joanna Kulig, a revelação polaca de "Cold War - Guerra Fria"), do contrabaixista Jude (Damian Nueva) ou da baterista Katarina (Lada Obradovic), compondo uma música convidativa e diligente de oito horas.
Enquanto a banda ensaia para sobreviver, Elliot procura manter o clube à tona, tentando escapar à máfia do Leste e outros negócios obscuros, a polícia, os concertos para sala vazia e a Julie (Amandla Stenberg), a filha problemática. São cadências de argumento previsíveis e harmonias conhecidas que criam um "beat" lento, de desenrolar repetitivo, que nos deixam sempre na dúvida entre pedir mais um copo ou sair.
Por outro lado, um funeral árabe, a imersão nos bairros sociais de Paris, a sobrevivência por meios fraudulentos para se salvar um pai que não se ama ou o resvalar para o vício das drogas, são sequências cruciais de um universo de pobreza e imigração, que mereciam mais tempo de desenvolvimento.
Claramente mais interessado no jazz do que na história, "The Eddy" tem uma forma de contemplação, mas sem reforço de atenção. Prefere gastar tempo na performance musical e ignorar o ritmo das crónicas de vida, tornando os momentos virtuosos de palco no pior que se pode fazer ao jazz: torná-lo música de elevador.
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