A plataforma de streaming Netflix anunciou esta quinta-feira os moldes em que vai operar o seu novo modelo de subscrição que será parcialmente financiado por publicidade, uma medida para impulsionar o seu crescimento.

A subscrição básica com publicidade custará 6,99 dólares por mês nos EUA e ficará disponível a partir de 3 de novembro, antecipando-se tanto ao preço como à data de lançamento da mesma versão no Disney+, anunciada por 7,99 dólares para quem subscreva antes de 8 de dezembro, subindo a seguir para 10,99 dólares.

Por comparação, o plano Standard, o mais subscrito na Netflix, custa 15,49 dólares nos EUA (11,99 euros em Portugal).

Canadá e México terão o novo plano já a 1 de novembro, seguindo-se Austrália, Brasil, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Coreia do Sul e Japão ao mesmo tempo dos EUA.

Portugal não está neste primeiro lançamento, mas os consumidores em Espanha terão acesso no dia 10, com um preço de 5,49 euros.

"O momento é ótimo e crucial na indústria do entretenimento e a sua evolução", disse o diretor de operações da Netflix, Greg Peters, em conferência de imprensa.

"Agora o streaming ultrapassou tanto a televisão aberta quanto a de cabo em tempo total de TV nos Estados Unidos", acrescentou.

Por causa dos contratos de licença, nem todo o catálogo de filmes e séries da plataforma estará inicialmente disponível no plano com publicidade: enquanto decorrem as renegociações, Peters estimou que os títulos em falta representem entre 5 a 10% do total da oferta.

O plano não permite descarregar conteúdos para ver "offline" e os anúncios de publicidade durarão entre 15 e 30 segundos.

"Esperamos ter uma carga de anúncios muito leve, com não mais de quatro ou cinco minutos de espaço publicitário por hora, e incluindo limites de frequência muito rígidos para que os subscritores não vejam o mesmo anúncio repetidamente", disse Peters.

No caso do cinema, o diretor de operações esclareceu ainda que os filmes em estreia serão exibidos sem interrupções após uma sequência de publicidade no início, para "tentar preservar o modelo cinematográfico".

Pelo contrário, a combinação mais "tradicional" de publicidade antes e durante o filme será aplicada aos que estão disponíveis no serviço há mais tempo, mas com intervalos "menos frequentes".

Para Greg Peters, trata-se de uma “magnífica oportunidade” para os anunciantes de publicidade, “por poder atingir um público diversificado – incluindo espetadores mais jovens, que assistem cada vez mais à televisão menos tradicional – num ambiente ótimo para ver anúncios em alta-definição”.

Os anunciantes poderão impedir que a sua publicidade apareça em conteúdos que possam ser incompatíveis com a sua marca, no caso de sexo, nudez ou violência explícita.

Depois de muito evitar a publicidade, a Netflix avançou à medida que a concorrência no mercado de streaming se intensifica e os consumidores tentam esquivar-se à crescente inflação, anunciado em julho uma parceria com a Microsoft para desenvolver o seu novo modelo.

A decisão surgiu após a perda de competitividade da Netflix no mercado de plataformas de ‘streaming’ ter resultado numa desaceleração no ritmo de crescimento da empresa, levando a uma redução da sua força de trabalho.

A plataforma perdeu quase um milhão de subscritores durante o segundo trimestre de 2022, período em que obteve um lucro líquido de 1.441 milhões de dólares (cerca de 1.472 milhões de euros), revelou a empresa na sua última apresentação de resultados em 19 de julho.

A 8 de dezembro será a vez do concorrente Disney+ lançar o seu plano de subscrição com publicidade.

"Estes lançamentos vão criar o espaço publicitário mais concorrido dos últimos tempos. Será um momento importante para os anunciantes", disse Dallas Lawrence, vice-presidente da consultora Samba TV.