A Associação dos Telespectadores considerou esta quarta-feira, 21 de outubro, que as televisões seguem uma “prática condenável” quando começam programas ou espaços informativos em canal aberto e depois os passam para o cabo, privando o público de parte do seu conteúdo.
Em declarações à Lusa, Rui Teixeira Mota, presidente da Associação dos Telespectadores, explicou que o organismo foi alertado para o fenómeno de entrevistas, peças ou programas que começam nos canais generalistas e depois terminam nos canais por assinatura para "obrigar a subir as audiências do cabo”.
“Do ponto de vista dos espectadores, é uma prática condenável, embora compreendamos a lógica das televisões, mas é condenável”, frisou.
Rui Teixeira Mota apontou a TVI como um dos canais que seguem esta prática, que “tende a ser seguida pelos outros canais”.
A 16 de outubro, o secretário-geral do PS, António Costa, deu uma entrevista no Jornal das 8 da TVI, que se prolongou no programa 21ª Hora da TVI24.
Por seu turno, a TVI informou a Lusa, através de correio eletrónico, que a liberdade editorial nesta matéria “é competência exclusiva da direção de informação”, não havendo “situações de ilegalidade na prática referida”.
Rui Teixeira da Mota adiantou que a AT continua a defender que o “direito à informação é um direito constitucional”, defendendo que devia haver um “particular cuidado" para que as televisões nacionais e os canais generalistas "dessem as peças de forma integral e não passassem para os respetivos canais de cabo”, o que impossibilita o acesso a alguns telespectadores, muitas vezes por questões económicas, já que teriam de ter uma assinatura com um operador televisivo.
O presidente da Entidade Reguladora Para a Comunicação Social, Carlos Magno, disse à Lusa que “a cobertura e diversidade política nos canais televisivos é um assunto que tem vindo a ser discutido entre o organismo e os diretores de informação” dos canais de televisão, escusando-se a adiantar mais pormenores.
“É um assunto algo complexo, que mexe com várias vertentes. No fundo ainda bem que os programas ou peças têm início em canal aberto”, sublinhou Carlos Magno.
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