Cúmplice habitual do cineasta de "Romeu e Julieta", "Moulin Rouge" ou "O Grande Gatsby", e grande responsável pela opulência da direção artística e guarda-roupa desses filmes, Catherine Martin volta a acompanhar o marido mantendo as funções através das quais se destacou e assegurando ainda a produção executiva, agora na televisão.
"Este não era um meio com o qual eu e o Baz estivéssemos familiarizados. Mas trabalhar numa série fez-me passar a olhar com imenso respeito para quem consegue criar várias temporadas sem um decréscimo de qualidade", conta a designer australiana.
"A televisão pode ser um formato extremamente inovador, tem possibilidades ilimitadas", complementa. E uma produção como "The Get Down" é exemplo disso ao não ficar a dever nada à obra visualmente impressionante de Luhrmann, destacando-se como a aposta mais dispendiosa da Netflix até à data - 120 milhões de dólares, superando o orçamento da também avultada "Marco Polo".
Esta carta de amor ao hip-hop, partindo do surgimento do género na Nova Iorque da década de 1970, já estava na gaveta do realizador há mais de dez anos antes de ser anunciada pelo serviço de streaming em 2015, levando o casal a uma descoberta que agora partilha com os espectadores.
Martin desde cedo se sentiu fascinada com o "glamour incrível" associado ao hip-hop, interesse desenvolvido à medida que o marido foi convocando referências como Grandmaster Flash ou Nas para colaborarem não só na pesquisa mas também na conceção de "The Get Down".
O longo trabalho de investigação garante a "autenticidade" deste retrato ficcionado, aponta a produtora, embora o rigor do retrato social e musical não impeça o expectável desvario de encher o olho. De resto, o corte e colagem sonoro tem correspondência na linguagem visual de Luhrmann, "com a validade de todas as formas, sem preconceitos", assegura Martin.
O resultado destas combinações é a matéria-prima da série de 13 episódios que estreia já na próxima sexta-feira, data em que a Netflix disponibiliza os primeiros seis capítulos. O piloto conta com hora e meia de duração e deverá agradar a quem tem saudades dos filmes iniciais de Luhrmann, onde a banda sonora está longe de ser só mais um pormenor.
O SAPO MAG viajou a convite da Netflix.
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