O juiz do Tribunal Cível de Lisboa que avaliou a providência cautelar interposta pelo jovem, adotado quando era bebé, determinou que o seu nome verdadeiro fosse retirado “dos episódios 7 e 9” da reportagem, que ainda se encontra disponível online no site da TVI, e que fosse “removida ou ocultada” a imagem.

"Para a reportagem, na perspetiva do "interesse público" - "denunciar" uma 'rede de adoções ilegais' -, é irrelevante que os telespetadores saibam o nome real do A., tal como é irrelevante que vejam imagens suas em criança e/ou em adulto", refere o juiz, que dá razão ao jovem, cujas imagem em criança foram divulgadas em dois episódios do “Segredos dos Deuses”.

O jovem alega também que não autorizou a divulgação de imagens, em adulto ou criança, ou de factos relativos à sua adoção, "nem teve conhecimento prévio do teor das reportagens" e que, “na sequência da transmissão da reportagem, foi identificado por desconhecidos, que o abordavam e queriam falar sobre o tema” (‘adoção ilegal’)”, acabando por “reviver episódios da sua infância que queria esquecer”.

Entendeu o juiz que “a proteção da imagem, privacidade e identidade do A.” Poderia ser feita “com a técnica ‘pixelização’ da imagem do seu rosto e a eliminação (ou ocultação) do seu nome verdadeiro, nos episódios ainda disponíveis no ‘site’”.

A TVI "pixelizou" a imagem da criança nos episódios disponíveis na TVI24, mas o nome continua disponível nos textos.

A TVI exibiu uma série de reportagens denominadas “O Segredo dos Deuses”, na qual noticiou que a IURD esteve alegadamente relacionada com o rapto e tráfico de crianças nascidas em Portugal.

Os supostos crimes terão acontecido na década de 1990, com crianças levadas de um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adoções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.