Sinopse: Helena é matriarca da fictícia família real britânica. Passada no mundo contemporâneo, vemos o dia a dia da família que, ao mesmo tempo que tenta lidar com a morte do príncipe herdeiro, luta pela união.

Contém SPOILERS.

Diretamente do canal que nos apresentou Keeping Up with the Kardashians, temos "The Royals", o primeiro drama original do E!, criado por Mark Schwahn (sim, o meu queixo também caiu quando percebi que era o mesmo Mark Schwahn por detrás do grande One Tree Hill – quem diria). Quando comecei a ver não estava à espera de uma série digna de Emmy. Estava à espera de assistir a uma série recheada de ricaços como eu gosto, com os seus dramas fúteis e deliciosos. Contudo, tudo o que vi foi uma hora recheada de clichés e personagens que deixam muito a desejar. Os destaques vão para Elizabeth Hurley, Alexandra Park, Lydia Rose Bewley e Hatty Preston.

Estão a ver Gossip Girl e The O.C? Eu vi durante cinquenta e seis minutos as duas séries misturarem-se no Palácio de Buckhingam. Vi o carisma e a racionalidade de Nate Archibald e o bom samaritano de Ryan Atwood no príncipe Liam. Vi a rebeldia e a fragilidade de Serena van der Woodsen e Marissa Cooper na princesa Eleanor. Vi as brilhantes e diabólicas Blair Waldorf e Julie Cooper juntarem-se numa só para dar vida à rainha Helena. E, para grande pena minha, vi Dan e Janny Humphrey em Ophelia (bocejo).

Tudo começa (e desaba) quando o príncipe herdeiro, Robert, morre enquanto presta serviço militar. Obviamente, isto lança o caos tanto em Inglaterra como na família real. Enquanto futuro rei, Robert andava há anos a ser preparado para o cargo e Liam vê-se subitamente com o peso da coroa nos ombros. Ou não. Na verdade, pouco ou nada vimos sobre Liam. Sabemos que ele ficou perdido de amores pela filha do chefe da segurança do palácio, a americana Ophelia (já agora, porque é que ela é americana?! São demasiados bifes para uma série americana?! Ou, visto que Ophelia e Liam estão no spotlight de star crossed lovers da série, espetaram uma americana como namoradinha do futuro rei inglês para realizar um desejo secreto?!) e que está a sofrer com a morta do irmão. Sim, sabemos que ele é um playboy que gosta de beber uns copos com o guarda costas. Até agora, Liam é aborrecido. E o futuro rei ser uma seca não é bom. Criarem a sua personagem toda à volta de Ophelia é tão má ideia, mas tão má ideia! Para uma hora de episódio esperava mais. Não há assim tantas personagens na série.

Ophelia é outro problema. Uma rapariga que perdeu a mãe recentemente e que teve a má ideia de dormir com o filho dos patrões do pai. Mas não arranjaram nada mais original? E, já agora, terei visto mal ou a sua história não faz muito sentido? Ela diz que cresceu nos Estados Unidos, mas o pai parece chefe de segurança há imenso tempo. Ainda pensei que ele e a mulher estivessem divorciados, mas pela maneira como ele sofreu a sua morte e se refere a ela como ‘minha mulher’, indica que eles estavam muito casados até à hora da sua morte. Então como é que Ophelia cresceu na América?

Depois temos Eleanor, a típica princesa rebelde. Ou a versão feminina do príncipe Harry. Não há nada propriamente original nesta personagem (como não há em todas as outras), mas Park conseguiu dar algo de especial a Eleanor. Vemos que a vida real a sufoca e, para além do rei Simon, é a única que vemos realmente sofrer a morte de Robert. A alhada em que se meteu com Jasper vá-lhe dar pano para mangas, mas só espero que o desenvolvimento seja interessante. E quem é que não adorou a cena dela com as primas na sala do trono? Deve ter sido das melhores cenas do episódio.

Penelope e Maribel são autênticas paródias das princesas Eugenie e Beatrice e o comic relief. Espero que elas apareçam mais vezes. Têm tanto de tontas como de fabulosas e representam o lado ridículo da realeza. E o que dizer do pai delas, Cyrus? Será que temos um Scar no seio da família real mais poderosa do mundo? Simon, Eleanor e Liam que se cuidem.

Simon deve ser a pessoa mais bondosa da série. O rei ficou destroçado com a morte do filho e não deseja o mesmo destino a mais nenhum membro da sua família. Como tal, decide pedir acabar com a monarquia. Whoa! É muito pouco provável que isto chegue a acontecer, mas as consequências da sua decisão serão muito interessantes se forem bem feitas. Até agora, parece-me que a série se vai focar mais nos amores, desamores e escândalos sexuais do que propriamente em política, mas nunca se sabe. Também foi ímplicito que a morte de Robert não foi um acidente. Será que Cyrus teve mão nisso?!

Helena: Let me recap my week for you. My daughter’s vagina was on the cover on no less than four tabloids. My first-born child was killed. My husband announced he wants to abolish the only life I’ve ever known. And his footman nearly saw my snatch.

Helena é a estrela da série e faz justiça a esse destaque. É fria e calculista, mas não teve tanto tempo de antena como seria desejado. Fez uma inimiga em Ophelia e deve tratar melhor a maquilhagem do que os filhos mas não há dúvida de que é uma mulher que consegue tudo aquilo que quer, seja rainha de Inglaterra ou não (se bebêssemos um shot cada vez que eles se referem a si próprios como reis, rainhas, princesas e príncipes estaríamos ébrios a meio do episódio. Credo). Queremos mais Helena! Elizabeth Hurley nasceu para ser rainha de Inglaterra.

"The Royals" já foi renovada para uma segunda temporada e é provável que continue no ar por mais uns anos. Se KUWTK já vai na sua décima temporada, claro que há esperança para esta série. Já vi séries piores, sinceramente, mas o facto de ter realçar este facto não é muito positivo. Por isso, aqui vai…

Maria Sofia Santos
Nota: 5/10