"Irradiação Vieira" dá título à mostra com peças da Coleção da Fundação Ilídio Pinho, que inclui 17 obras da artista Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992) raramente apresentadas ao público, e conta com curadoria de Miguel von Hafe Pérez, ficando patente no museu até 26 setembro deste ano.

A coleção da Fundação Ilídio Pinho resulta da conjugação de aquisições que o fundador foi realizando ao longo da vida e da ação desenvolvida, entre 2006 e 2008, através de um Conselho das Artes de que faziam parte o escultor Alberto Carneiro, o curador Miguel von Hafe Pérez e Alcino Cardoso, mais ligado à área da gestão, mas conhecedor das artes.

Esta exposição apresenta uma perspetiva da coleção que cobre um arco temporal de 1913 a 2009, com destaque para as dezassete obras de Vieira da Silva raramente apresentadas ao público.

"Na ausência de um museu onde permanentemente se possa vislumbrar aquilo que foi produzido na arte nacional nos últimos cem anos, exposições como esta que agora se apresenta permitem uma aproximação, ainda que parcelar e autoral, a uma realidade em contínuo questionamento. Conceitos como o de 'casa' ou 'atelier' podem ter expressões diversas em Amadeo, Eloy, Vieira da Silva, Cabrita ou nos mais jovens Bruno Pacheco e André Cepeda", indica um texto do museu.

Por outro lado, a coleção revela ainda uma seleção de obras, inspiradas na representação da natureza, desenvolvimentos das linguagens abstratas, nas suas múltiplas intencionalidades, encontros inesperados de criadores e autores mais recentes como Isabel Simões e Rui Moreira.

Obras de Almada Negreiros, Álvaro Lapa, Ângelo de Sousa, António Sena, Carla Filipe, Catarina Leitão, Daniel Barroca, Dominguez Alvarez, Eduardo Batarda, Eduardo Viana, Fernando Brito, Francisco Queirós, Gil Heitor Cortesão, Helena Almeida, Jorge Pinheiro, Jorge Queiroz, José Barrias, Julião Sarmento, Júlio Pomar, Marta Soares, Miguel Ângelo Rocha, Nikias Skapinakis, Paula Rego, Sarah Affonso, Sónia Almeida, Susanne Themlitz e Vera Mota entram nesta seleção.

Outra exposição que é inaugurada no museu, no mesmo dia, é "Going Against - Júlia Ventura", sobre a artista nascida em 1952, que tem vindo a desenvolver, desde fim da década de 1970, "um consistente e rigoroso trabalho sobre a identificação e o visível".

"O seu trabalho assume como 'medium' recorrente a fotografia, mas não se circunscreve ao domínio das suas convenções limite, extravasando e implicando as suas problemáticas noutros meios", aponta o museu.

Em "Going Against", reuniu um conjunto de trabalhos de diferentes períodos, "para que a proximidade e relação inusitadas produzam novos reconhecimentos destas imagens", cada uma a manifestar um enigma.

"A proximidade de uma imagem com outra – no espaço físico e através da memória –, estabelece por vezes identificações através da repetição de determinados aspetos. Não se trata de um encontro pleno através de uma identidade comum às imagens, mas de uma laboriosa e instável aproximação que os nossos olhos exercitam entre estas, pela invisibilidade que vai de uma fotografia a outra", descreve o museu sobre a artista que se formou em pintura, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.

Júlia Ventura começou a expor individualmente os seus trabalhos fotográficos no início dos anos 1980, entre Lisboa e Amesterdão, sendo fulcral para a singularidade da sua obra o contacto com a cena artística internacional neste período.

Outra artista, Josefina Ribeiro, nascida em 1962, terá o seu trabalho em exposição na Casa-Atelier Vieira da Silva até 12 de setembro, um conjunto de animais imaginários, em três dimensões, feitos em bronze.

"Foi como professora de artes plásticas que a artista Josefina Ribeiro redescobriu a alegria e vivacidade da criação. Muito inspirada pela fase áurea da infância, a idade em que as crianças já se sabem expressar e ainda conservam toda a espontaneidade, a artista foi-se expandindo em recortes e colagens tentando sempre escapar à razão", descreve o Museu Vieira da Silva num texto sobre a mostra "Animais da nova era".

Depois das colagens, surgiram os desenhos, "que foram sempre crescendo até não ser mais possível trabalhar a mancha, e cada animal nasce quase numa só pincelada, onde não há espaço para grandes considerações".

Com o desenho, a artista precisou de conhecer melhor ainda esses animais. "Era preciso que encarnassem". Ganharam assim três dimensões, em diferentes materiais, até se fixarem em bronze.

"Animais da Nova Era" são "bichos que nascem da sombra e da luz", lê-se na folha de apresentação da mostra. "Tão humanos quanto animais. Todos eles têm um nome. São verdade, criaturas de amor e paz".

As três exposições são inauguradas na quarta-feira no Museu Arpad-Szenes - Vieira da Silva, em Lisboa, e podem ser visitadas até setembro deste ano.

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