Antes do agente secreto se tornar uma figura caricatural, antes do humor aligeirar a violência ao ponto de torna-la paródica, antes do excessivo recurso aos «brinquedos» de espionagem e antes dos vilões ambicionarem dominar o mundo, existiu
«007 - Ordem para Matar», o James Bond mais brutal onde todos os elementos familiares da fórmula foram reunidos pela primeira vez.
Ao contrário do que se poderia pensar pelo título original, a passagem do tempo só o beneficiou pois nele está tudo o que associamos aos grandes filmes de entretenimento: o enredo sólido com tensão crescente, diálogos sofisticados cheios de subentendidos, grandes sequências de ação (a do comboio do Oriente tornou-se justamente uma das mais celebrada da saga), um delicioso aliado turco cheio de filhos (Kerim Bey), inesquecíveis vilões (Red Grant, Rosa Klebb, a ante-estreia vocal do chefe da SPECTRE, Ernst Stavro Blofeld) e principalmente um
Sean Connery perfeitamente confortável na pele da personagem, tudo parece explosivamente perfeito. Bem, menos a canção…
Nuno Antunes
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