Quando
«Casablanca» estreou a 26 de novembro de 1942, há precisamente 70 anos, ninguém imaginava que se viria a tornar um dos filmes mais míticos de todos os tempos. Ao contrário de super-produções como
«E Tudo o Vento Levou» ou
«Ben-Hur», recebidas com enorme antecipação, «Casablanca» era apenas mais uma entre as centenas de fitas produzidas anualmente de forma económica em Hollywood. Nem o alto profissionalismo de todos os envolvidos, incluindo o realizador
Michael Curtiz e os protagonistas
Humphrey Bogart e
Ingrid Bergman, faria supor que o filme se tornaria uma lenda da Sétima Arte.
Hoje em dia, já tudo se escreveu sobre esta película produzida e passada em plena Segunda Guerra Mundial, centrada no triângulo amoroso entre o dono de um bar na cidade marroquina de Casablanca, um heroíco líder da resistência e a esposa deste, que outrora teve um caso com o primeiro. Ainda assim, arriscamo-nos a revelar 10 curiosidades que talvez ainda não saiba sobre o mítico «Casablanca».
Fim aos rumores: Ronald Reagan não foi a primeira escolha para o papel de Rick e Ingrid Bergman já deveria conhecer o fim do filme
Um dos muitos mitos associados a «Casablanca» é o de que Ronald Reagan teria sido a primeira escolha para o papel de Rick Blaine, imortalizado por Humphrey Bogart. Só que todos os registos do estúdio indicam que o produtor Hal Wallis queria Bogart no papel desde o início, e o rumor quanto a Reagan terá surgido de um «press-release» emitido sem grande cuidado no arranque da produção do filme, uma vez que o estúdio sabia que o ator iria cumprir o serviço militar na altura e portanto nunca poderia fazer o papel. Quanto à célebre frase em que Bergman referia não saber com que personagem ia ficar no fim da fita, a maioria dos estudiosos afirma que, apesar do argumento ter sido reescrito durante a rodagem, o final estava definido quase desde o início, até porque o código de produção da altura nunca permitira que uma mulher casada largasse o marido, o que sucederia caso Bergman ficasse com Bogart.
Bogart teve de recorrer a truques para parecer mais alto que Bergman
Hollywood sempre foi exímia em esconder as diferenças de altura entre os casais protagonistas e «Casablanca» é um caso clássico. Bogart teria cerca de 1m72cm de altura e Bergman mais cinco centímetros que ele, o que obrigou a que o ator fizesse as cenas com ela em cima de estrados convenientemente escondidos das câmaras, ou recorresse a almofadas quando estavam sentados lado a lado.
Sam afinal não tocava piano
Dooley Wilson, o ator que intepretava o pianista negro Sam, era baterista e não sabia tocar piano, portanto fingiu sempre que a cena o exigia. Porém, é mesmo ele que canta o clássico imortal «As Time Goes By» que, entretanto já foi cantado por nomes tão diferentes como Billie Holiday, Frank Sinatra, Louis Armstrong, Julio Iglesias, Rod Stewart, Chet Baker, Gal Costa, Bryan Ferry, Willie Nelson, Barry White e ZZ Top.
Há anões na cena final
A mítica sequência da despedida no aeroporto teve de recorrer a expedientes inteligentes para colmatar a falta de meios. Assim, na cena em que se vê o avião ao fundo com alguns operários em seu redor e os protagonistas mais próximos da câmara, o avião era na verdade um modelo de cartão mais pequeno que o real e as pessoas em seu redor eram anões, tudo para dar a noção de uma distância que o tamanho reduzido do «set» de rodagem não permitia. Um nevoeiro falso bem aplicado completou a ilusão.
«Casablanca» tem o recorde de citações memoráveis
«Casablanca» é porventura o filme com mais deixas memoráveis da história do cinema. É, aliás, o filme com mais frases na lista das Melhores 100 Citações do cinema americano escolhida pelo American Film Institute, nada menos que seis: «Here's looking at you, kid», «Louis, I think this is the beginning of a beautiful friendship», «Play it, Sam. Play 'As Time Goes By», «Round up the usual suspects», «We'll always have Paris» e «Of all the gin joints in all the towns in all the world, she walks into mine». O célebre «Play it Again, Sam» nunca foi proferido por nenhuma das personagens mas ganhou fama entretanto por ter sido o título de uma peça de teatro escrita por Woody Allen, mais tarde adaptada ao cinema.
«Casablanca» foi adaptado à televisão
Houve duas séries de televisão adaptadas de «Casablanca». A primeira teve 10 episódios de uma hora e foi exibida entre 1955 e 1956, com Charles McGraw como Rick e
Marcel Dalio como Renault. A segunda, já de 1983, teve apenas cinco episódios, e contava com
David Soul como Rick,
Ray Liotta como Sacha e
Scatman Crothers como Sam. Nenhuma deixou memória.
«Casablanca» não seria feito hoje
No número de Novembro e Dezembro de 1982 da revista «American Film», o jornalista Chuck Ross terá feito uma experiência que dizia muito do estado do cinema da atualidade. Ross terá reescrito à máquina o argumento completo do filme, mudado o título para «Everybody Comes to Rick's» (que é o nome da peça não produzida em que ele se baseia) e o nome do pianista de Sam para Dooley Wilson (o nome do ator que o interpretou), e enviado tudo para 217 agências de Hollywood. Resultado: 85 leram o argumento, 38 rejeitaram-no de imediato e apenas oito o reconheram como o filme «Casablanca» e três consideraram-no comercialmente viável.
Bugs Bunny já foi Rick em «Casablanca»
Em 1995, a animação da Warnes Bros voltou a renascer com a curta-metragem «Carrotblanca», que parodiava o filme com a presença da maioria das estrlas dos Looney Tunes. Assim Bugs Bunny fazia o papel de Rick, Daffy Duck o de Sam, Pepe Le Pew o de Capitão Renault, Sylvester o de Victor Laszlo, Tweety Bird o de Ugarte, Yosemite Sam o de Major Strasser, e Penelope Pussycat o de Ilsa.
«Barb Wire», com Pamela Anderson, é um «remake de «Casablanca»
Embora passado em 2017 durante uma «Segunda Guerra Civil Americana», o argumento de
«Barb Wire» segue ponto por ponto o de «Casablanca», com a pneumática
Pamela Anderson no papel equivalente ao de Rick.
O Restaurante de Rick existe mesmo em Casablanca
Uma reprodução do Rick's Cafe abriu na cidade marroquina de Casablanca em 2004, como restaurante, bar e café (embora não como casino). Chamado Rick's Café Casablanca, foi pensado para recriar em detalhe o estilo que aquele espaço tinha no filme, ao qual não falta o pianista que canta todos os dias vários clássicos da época, incluindo o «As Time Goes By» várias vezes ao dia.
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