Estava tudo pronto: filme, cartaz, trailer, data de estreia.
Mas agora "Mogli", a outra adaptação ao cinema, mais sombria, do clássico romance «O Livro da Selva» escrito por Rudyard Kipling, foi vendida pelo estúdio Warner Bros. à Netflix.
Em vez da estreia nos cinemas prevista para 19 de outubro (em Portugal chegaria a 25), o filme, o segundo realizado pelo ator Andy Serkis, vai ser lançado globalmente pela plataforma de streaming no próximo ano.
Será ainda colocado em algumas salas para que os espectadores o possam ver em 3D.
Este era o filme que estava a ser conhecido por ter perdido a corrida para chegar primeiro às salas de cinema: "O Livro da Selva" da Disney estreou em abril de 2016.
Segundo Andy Serkis, os projetos correram em simultâneo até que se percebeu que as técnicas de captura de movimentos iam precisar de mais tempo de aperfeiçoamento em pós-produção.
O Deadline avança que este é maior negócio da Netflix pelos direitos mundiais para um filme concluído por um estúdio.
Existem algumas semelhanças com o que aconteceu no início do ano, quando a Paramount vendeu os direitos internacionais de "Aniquilação" (o estúdio lançou-o em cinema nos EUA) e os mundiais de "O Paradoxo Cloverfield", enquanto a Universal passou "Extinção", com Lizzy Caplan e Michael Peña, curiosamente lançado em "streaming" esta sexta-feira.
Em relação ao primeiro, protagonizado por Natalie Portman, sabe-se que foi considerado como "muito intelectual" nos testes com público, enquanto o segundo viu o orçamento disparar dos cinco para 40 milhões de dólares e a data de estreia ser adiada várias vezes.
Preocupado com o potencial fracasso nas salas, a Paramount e a Universal conseguiram transformá-los em sucessos com a venda a uma Netflix disposta a pagar para conseguir títulos mais mediáticos.
A Warner faz agora o mesmo com o seu caríssimo filme (pensa-se que teve um orçamento à volta das 185 milhões de dólares), descrito pela revista Forbes como uma "bomba-relógio" depois de perder a corrida para a Disney, mas claro que nada disto aparece na justificação oficial para a decisão.
Ainda assim, Andy Serkis reconhece implicitamente que seria complicado rentabililizar comercialmente a sua versão mais sombria e que a mudança para a Netflix lhe permite não comprometer a sua visão no que diz respeito à violência: "Agora evitamos comparações com o outro filme e é um alívio não ter a pressão".
Para além dos efeitos realistas na criação dos animais, a grande curiosidade é o trabalho de Benedict Cumberbatch como o malvado tigre Shere Khan, o maior inimigo de Mogli, o órfão selvagem criado por lobos, interpretado por Rohan Chand.
No restante elenco de vozes de atores estão Christian Bale (como a pantera Bagheera), Cate Blanchett (a píton Kaa), Tom Hollander (o chacal Tabaqui) e Peter Mullan (o líder da alcateia de lobos que acolhe Mogli).
Em "carne e osso" aparecem Matthew Rhys (da série "The Americans") e Freida Pinto ("Quem Quer Ser Bilionário?").
Trailer.
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