É um reencontro cheio de simbolismo: Pedro Almodóvar anunciou que vai juntar duas das maiores estrelas do seu cinema, Penélope Cruz e Antonio Banderas, para o seu 21º filme.

"Dolor y Doria" será o seu primeiro trabalho desde "Julieta", de 2016, e ao contrário deste e outros títulos da sua carreira, a história andará à volta do protagonista masculino.

Banderas e Almodóvar deram os primeiros passos na carreira juntos, primeiro em "Laberinto de pasiones" (1982) e depois em filmes hoje tão simbólicos como "Matador" (1986), "A Lei do Desejo" (1987), "Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988)" e "Ata-me" (1989).

O ator seguiu depois a carreira nos EUA e a parceria só seria reatada no elogiado "A Pele Onde Eu Vivo" (2011).

Com Penélope Cruz, a relação começou com um papel secundário em "Em Carne Viva" (1997) e desenvolveu-se com "Tudo Sobre a Minha Mãe" (1999), culminando, já no papel de musa, em "Voltar" (2006).

Os dois atores fizeram participações especiais em "Os Amantes Passageiros" (2014), mas "Dolor y Doria" será realmente o primeiro filme a juntá-los.

Em declarações à Variety, o realizador descreve o projeto como "uma série de encontros, alguns físicos, outros recordados décadas mais tarde, de um realizador nos seus anos mais avançados".

A história juntará "os primeiros amores, os segundos, a mãe, mortalidade, um ator com quem o realizador trabalhou, os anos 60, os 80, a atualidade e o vazio, a sensação de incomensurável vazio provocado pela incapacidade em continuar a fazer filmes", acrescentou, no que parece ter semelhanças com "Fellini 8½" (1963).

A Variety comenta que o resumo levantará questões sobre quanto da história será inspirada pela vida do próprio Almodóvar e se esta poderá ser, de alguma forma, aos 68 anos, a sua despedida.

O tom reforça-se com a presença de Julieta Serrano, atriz de 85 anos que trabalhou com o realizador no seu primeiro filme, "Pepi, Luci, Bom e Outras Tipas do Grupo" (1980), bem como em "Negros Hábitos" (1983) e noutros títulos durante essa década. Além disso, o último filme de Almodóvar realmente aclamado foi precisamente "A Pele Onde Eu Vivo" e o intervalo entre os projetos tem vindo a aumentar.

A rodagem de "Dolor y Doria" inicia-se em julho.