O melhor filme de turismo do mundo, “Alma de lã”, foi rodado numa antiga fábrica da Covilhã, produzido por uma empresa com sede na cidade e realizado por Telmo Martins, que tem acumulado dezenas de prémios.
O primeiro lugar na categoria de serviços turísticos foi entregue pelo Comité Internacional de Festivais de Filmes de Turismo (CIFFT) na noite de quarta-feira, em Valência, Espanha, cerimónia onde a Lobby Films and Advertising foi também galardoada com o terceiro prémio, na categoria de produtos turísticos, com “A um palmo do céu”, vídeo promocional da observação de astros e estrelas nos municípios de Pampilhosa da Serra, Góis e Arganil.
Telmo Martins, realizador e diretor criativo da Lobby, “produtora e boutique criativa portuguesa”, que em 2020 tinha sido distinguido pelo CIFFT Worlds Best Tourism Films Awards, sublinhou, em declarações à agência Lusa, que este é o mais importante prémio na área e, vencer pela segunda vez, “indica que a Lobby continua no caminho certo e que a intuição e sensibilidade de ver a comunicação e o marketing turístico” são as mais indicadas.
Segundo o realizador de 44 anos, este é “o Óscar” dos filmes de turismo e considerou que a utilização da linguagem cinematográfica, “criar uma ligação emocional do produto com o cliente” e “vender emoções” foi o que fez a diferença numa competição onde foram avaliados mais de três mil vídeos de 55 países, por 10 júris dos maiores festivais do mundo que fazem parte do circuito.
Para o autor, significa que os filmes da sua autoria “conseguem comunicar emocionalmente com pessoas de culturas radicalmente diferentes” e têm “uma dimensão universal”.
“Alma de lã” foi feito para o New Hand Lab, antiga fábrica de lanifícios na Covilhã, num edifício com 170 anos, que agora é um laboratório criativo, com vários artistas residentes.
O realizador explicou que procurou transmitir “como algo que foi enorme no passado, passou pela fase de decadência, até fechar, se consegue reinventar e tornar um espaço dinâmico, vivo socialmente, culturalmente, artisticamente”.
O ritmo e velocidade das imagens da Serra da Estrela, dos elementos que moviam a indústria de lanifícios e do que dela pode renascer são envolvidos em planos que encaixam uns nos outros num movimento contínuo, numa cadência marcada pelo som de um violino, por ser “um instrumento de cordas”, e adotou-se uma “forma muito conceptual”.
Telmo Martins, que com mais três amigos que conheceu na Universidade da Beira Interior (UBI) fundou a Lobby, em 2006, “sempre quis contar histórias”. Desenhava, aprendeu música e estudou seis anos Engenharia Eletromecânica, até se mudar para Design Multimédia e criar o primeiro filme, de animação, “Karma”, a que se seguiram outros, mais “Rupofobia”, distribuído em 15 países.
Depois do primeiro, “a paixão estava acesa” e não parou. Realizou a série televisiva “Sal”, a longa-metragem “Funeral à chuva” e centenas de filmes publicitários, onde procura "captar a identidade dos territórios", das marcas, e transformá-las num guião e num filme, realçou.
“Nós conseguimos sentir a alma dos territórios e comunicar a sua essência e a sua personalidade através do filme”, frisou o diretor criativo da produtora Lobby. “O que nós tentamos fazer é criar esta relação emocional que se constrói no cinema na publicidade, nos filmes de turismo, que também vendem um produto”, acrescentou.
A sétima arte, onde tudo começou, continua a ser um objetivo e os projetos na gaveta aguardam o momento certo, “a oportunidade” e “o equilíbrio” para voltar ao cinema, porque implica mobilizar durante um período os recursos da Lobby, que tem grandes marcas mundiais na carteira de clientes.
“Eu sinto-me um cineasta, um publicitário e, cada vez mais, um artista”, acentuou, em declarações à agência Lusa, o realizador, que pretende continuar a utilizar “os sentimentos” como ferramenta de trabalho.
O CIFFT contempla cinco categorias e a produtora portuguesa foi distinguida em duas: primeiro lugar em serviços turísticos, e terceiro em produtos turísticos.
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