O corpo do realizador estará em câmara ardente a partir das 17:00 de hoje na Igreja de São Jorge, em Arroios, e o funeral realiza-se no sábado a partir das 15:30 para o cemitério dos Olivais.

Artur Correia, considerado uma das figuras pioneiras do cinema de animação e da publicidade em Portugal, morreu na quinta-feira poucos dias depois de a Academia Portuguesa de Cinema ter anunciado que lhe atribuiria o prémio de carreira Sophia.

Nascido em Lisboa em 1932, Artur Correia foi desenhador em litografia, técnica com a qual fez as primeiras bandas desenhadas, publicadas em 1948 n’O Papagaio. Trabalhou no Diário de Notícias e no Cavaleiro Andante, recorda a Academia Portuguesa de Cinema.

Em 1967, Artur Correia foi o primeiro cineasta português distinguido no maior festival de cinema de animação do mundo, em Annecy (França), onde o filme “O Melhor da Rua” ganhou o Prémio Melhor Filme Publicitário.

A Cinemateca Portuguesa recorda que Artur Correia iniciou-se na animação numa época em que "era praticamente a publicidade, para a televisão e para os cinemas, o único meio possível de se trabalhar nesse género".

"Desenhador notável, de traço simples e gentil, os seus filmes fazem parte do imaginário de uma geração", afirma a Cinemateca em comunicado.

Premiado ainda em Veneza, Cannes ou Nova Iorque, Artur Correia realizou em 1970 “Eu Quero a Lua”, que, segundo o Cine Clube de Avanca, “parece ser o primeiro filme português de desenho animado destinado ao grande público”.

Fundou a Topefilme, que veio tornar-se no primeiro estúdio português de animação a trabalhar numa grande série internacional de animação. “Jackson Five” permitiu a Artur Correia dirigir a animação de um dos filmes desta série, produzida para os estúdios de Robert Balser (1972).

A primeira série portuguesa de animação surgiu com Artur Correia, em 1988, com “O Romance da Raposa”, uma adaptação do romance de Aquilino Ribeiro que se transformou rapidamente num dos maiores sucessos da indústria audiovisual portuguesa.

Artur Correia inscreve o nome também em várias obras de banda desenhada, como “História Alegre de Portugal” e “SUPER-HERÓIS da História de Portugal”.

Mais tarde, voltou a ser pioneiro com a realização da série de animação “História a Passo de Cágado”, produzida nos estúdios de animação do Cine Clube de Avanca, que se tornou na primeira série europeia de animação a ser exibida em telemóveis.

Numa nota de pesar, o Ministério da Cultura fez suas as palavras do Cine Clube de Avanca: A obra de Artur Correia "marca de forma indelével vários momentos da história do cinema de animação português".