A morte de Edward Albee, anunciada no sábado, trouxe a memória da versão cinematográfica de "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", que adaptava a sua peça sobre a vida tortuosa de um casal de académicos, George e Martha.
O casal era interpretado por Richard Burton e Elizabeth Taylor e o filme foi um sucesso, a que não terá sido alheia a leitura de que seria um espelho da volátil relação das duas estrelas de Hollywood.
No outono de 2004, quando surgiram os rumores de que a relação entre Brad Pitt e Angelina Jolie na rodagem de "Mr. & Mrs. Smith" não era apenas profissional, o que todos recordaram foi precisamente Burton e Taylor, cuja relação começou quando faziam "Cleópatra" em 1963 e ainda estavam casados com terceiros.
O escândalo até meteu ao barulho a hierarquia da Igreja Católica e se Taylor era casada com o então famoso ator e cantor Eddie Fisher, que 'roubara' à melhor amiga Debbie Reynolds, o caso de Pitt e Jolie também tinha picante: o 'terceiro elemento' era a 'namorada da América' da série "Friends", Jennifer Aniston.
Por envolver grandes estrelas, as duas relações, separadas por 40 anos, foram seguidas com interesse mórbido pela imprensa e pelo público: as passadeiras vermelhas, as famílias, as viagens, bem como as oscilações de peso, os rumores e finalmente a confirmação dos divórcios.
Pelo meio existiram os filmes.
Richard Burton e Elizabeth Taylor fizeram 10 entre 1963 e 1972 que contribuíram para manter o interesse do público na relação, mas depois de "Cleópatra" vale a pena recordar apenas "Adeus Ilusões" (1965), "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?" e "A Fera Amansada" (ambos de 1967).
Já o par que ficou conhecido pelo odioso "Brangelina" não deixa um legado com tantas pretensões artísticas. Afinal, tudo começou apenas porque Hollywood quis juntar os atores mais 'sexy' do mundo e o pretexto foi uma comédia negra muito absurda sobre assassinos profissionais, estrelas no seu meio muito competitivo (como na vida real), que desconheciam o verdadeiro emprego um do outro até que cada um recebia a missão de eliminar o outro.
Pitt e Jolie juraram que não voltariam a trabalhar juntos no grande ecrã. O casamento, seis filhos, um castelo na França, o ativismo social, muitas passadeiras vermelhas e especulações eram atenção suficiente.
Ao mesmo tempo, outra história de amor estava pronta para se tornar um grande espetáculo: Robert Pattinson e Kristen Stewart.
Foi por isso surpreendente quando o casal anunciou o reencontro no cinema em "Junto ao Mar" (2015), que Angelina Jolie também realizava.
Mas no lugar da explosiva relação de "Mr. & Mrs. Smith" surgia uma crónica sobre um casamento em agonia numas férias no sul da França, que acabou por ser um pouco ridicularizada depois da estreia em poucas salas de cinema (em Portugal seguiu diretamente para 'home video').
O filme vai provavelmente ganhar agora novos interessados à procura de pistas de uma sessão terapêutica. E a avaliar pelo impacto da notícia do divórcio, o circo vai continuar nos próximos tempos com ampla cobertura sobre a custódia dos filhos, as partilhas de 500 milhões de dólares, se Pitt traiu Jolie com Marion Cotillard e, claro, o que pensará Jennifer Aniston de tudo isto.
E como Richard Burton e Elizabeth Taylor casaram segunda vez...
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