Esta sexta-feira, o Festival de Cannes faz uma pausa após vários dias marcados pela presença de estrelas de Hollywood e exibe dois filmes de países distantes das superproduções, Turquia e Tunísia, e uma obra sombria sobre o campo nazi de Auschwitz dirigida pelo britânico Jonathan Glazer.

O cineasta turco Nuri Bilge Ceylan, Palma de Ouro em 2014 com "Sono de Inverno", apresenta "About dry grasses" ("Kuru Otlar Ustune" em turco), filme sobre um professor acusado de assédio em Anatólia.

O tema do assédio escolar também foi abordado pelo japonês Hirokazu Kore-eda no filme "Monster", outro candidato à Palma de Ouro.

Ceylan, 64 anos, é um velho conhecido na Croisette: ele recebeu o Grande Prémio do Júri em 2003 por "Distante", o prémio de Realização por "Os Três Macacos" (2008) e outro Grande Prémio do Júri em 2011 por "Era Uma Vez em Anatólia".

"Les filles d'Olfa"

Também esta sexta-feira, Kaouther Ben Hania, de 45 anos, apresentará "Les filles d'Olfa", um filme que aborda o desaparecimento de duas filhas de uma mulher tunisiana e que se aproxima do "ensaio visual", de acordo com Thierry Frémaux, diretor geral do festival.

Há dois anos, Ben Hania foi nomeado para o Óscar de Filme Internacional com "O Homem que Vendeu a sua Pele" e participou na mostra Un Certain Regard de Cannes em 2017 com "Beauty and the dogs".

O terceiro filme do dia é "The Zone of Interest", do britânico Jonathan Glazer, adaptação de um livro de Martin Amis publicado em 2014 e que aborda a vida idílica que o comandante nazi e a sua esposa tentam criar para a família ao lado do campo de extermínio de Auschwitz.

Glazer é conhecido por "Debaixo da Pele" (2013), com Scarlett Johansson, e "Birth - O Mistério" (2004), com Nicole Kidman.

"The Zone of Interest"

Cannes também será o cenário de um protesto sindical dos trabalhadores do setor hoteleiro contra a reforma da Segurança Social aprovada pelo governo francês.

Os protestos já duram meses no país, apesar de a reforma ter sido aprovada no Parlamento. A câmara municipal de Cannes proibiu manifestações num perímetro ao redor do Palácio da Croisette, para evitar distúrbios durante o festival.

Mas este protesto está programado para acontecer frente ao reformado hotel Carlton, uma área privada.

A central sindical que organiza o protesto prevê outra manifestação para domingo.