A fadista portuguesa Carminho aparece no novo filme do grego Yorgos Lanthimos, “Pobres Criaturas”, que se estreia hoje no Festival Internacional de Cinema de Veneza, em Itália, a interpretar ao vivo uma nova versão do tema “O Quarto”.

De acordo com a agência de música e comunicação Arruada, num comunicado hoje divulgado, Carminho aparece no novo filme do cineasta grego “num momento muito especial de contracena com [a atriz norte-americana] Emma Stone”.

“Esta participação nasce de um convite que Yorgos Lanthimos me faz para uma pequena aparição a cantar o fado. Escolhemos juntos o tema, que tem uma letra da minha autoria para uma composição tradicional. Ele acabou por me desafiar a ser eu a tocar a guitarra portuguesa. Algo que me surpreendeu, mas, depois de muito trabalho, deixou-me imensamente feliz. A gravação foi feita ao vivo no ‘set’ e foi muito emocionante. Na cena, canto e toco numa intensa troca de olhar com Emma Stone”, contou a artista, citada no comunicado.

“Pobres Criaturas”, que conta no elenco com atores como Mark Ruffalo, Willem Dafoe e Jerrod Carmichael, além de Emma Stone, é baseado no livro com o mesmo nome, de Alasdair Gray, editado em 1992.

O novo filme do realizador de obras como “A Lagosta” e “A Favorita” ainda não tem data de estreia em Portugal, mas chega às salas de cinema dos Estados Unidos da América em dezembro e do Reino Unido em janeiro de 2024.

“O Quarto” é um dos temas de Carminho que integram o seu mais recente álbum, “Portuguesa”, editado em Portugal em março e que foi gravado ao longo dos últimos dois anos, mas em particular na primavera de 2022, e conta com vários autores convidados, como Rita Vian, Luísa Sobral, Joana Espadinha e Marcelo Camelo.

“Portuguesa” foi editado em agosto nos Estados Unidos, pela Nonesuch, e a fadista inicia no dia 06 de outubro, em Boston, uma digressão por palcos norte-americanos e canadianos.

O 80.º Festival Internacional de Cinema de Veneza começou na quarta-feira.

Sem a presença de filmes portugueses na seleção oficial de curtas e longas-metragens, Veneza conta com o projeto luso-brasileiro “Queer Utopia”, do artista brasileiro Lui Avallos com coprodução portuguesa, e com um filme de coprodução entre Espanha, Portugal e França, “Sobretudo de Noite”, de Victor Iriarte.

Lui Avallos, com formação em imagem e som no Brasil, desenvolveu uma investigação em realidade virtual na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, que esteve depois em desenvolvimento em Veneza entre 2021 e 2022 e é agora apresentada no festival.

“Sobretudo de noite” é a primeira longa-metragem de ficção de Victor Iriarte e é produzido pelas produtoras espanholas La Termita Films, Atekaleun, CSC Films, Inicia Films, em coprodução com a portuguesa Ukbar Filmes e a francesa 4A4 Productions.

Na seleção oficial de Veneza, destaque para a estreia de “The Palace”, do realizador Roman Polanski, de 90 anos, e cujo cinema regressa ao festival depois de, em 2019, ter sido premiado com “J’Accuse – O oficial e o espião”.

Também fora de competição, em Veneza estarão “Coup the chance”, de Woody Allen, “The wonderful story of Henry Sugar”, de Wes Anderson, a partir de uma história de Roald Dahl, e o documentário “Ryuichi Sakamoto – Opus”, de Neo Sora, filho do pianista que morreu em março passado.

O festival de cinema de Veneza, que termina a 09 de setembro, escolheu “La Sociedade de la Nieve”, do realizador espanhol J. A. Bayona, como filme de encerramento.

O júri que atribuirá o Leão de Ouro é presidido pelo realizador Damien Chazelle.

O festival vai, ainda, atribuir Leões de Ouro de Carreira à realizadora Liliana Cavani e ao ator Tony Leung Chiu-wai.