A CDU do Porto reclamou mais esclarecimentos sobre “a proposta de ocupação” do Cinema Batalha, considerando ser "elevada" a renda que a Câmara suportará e defendendo a realização de "uma avaliação responsável da solução”.

Em comunicado, a CDU afirma que irá suscitar “nos órgãos municipais” esclarecimentos sobre várias questões relacionadas com a proposta que prevê que a Câmara do Porto assuma, durante 25 anos, a gestão do Batalha, no âmbito de um contrato com os seus proprietários que prevê o pagamento de uma renda de 10 mil euros por mês.

“A opção de compra, que comportaria óbvias vantagens, parece estar descartada sem que tenha ainda sido dada uma explicação cabal acerca dos esforços realizados nesse sentido”, afirma a CDU, em comunicado, sublinhando que “a Câmara será confrontada com uma despesa elevada”.

Para a CDU, “a sustentação do valor da renda a pagar decorre de uma única avaliação externa feita ao edifício” e “a salvaguarda do interesse público", bem como "a identificação dos montantes mais justos estariam melhor garantidos com outras avaliações que permitissem estabelecer uma comparação”.

A coligação critica o facto de a documentação distribuída aos vereadores não conter “qualquer informação detalhada acerca da requalificação que se pretende realizar, assim como da estimativa de custos da mesma”.

A CDU defende ser “fundamental para uma avaliação responsável da solução proposta” conhecer estimativas “das despesas com as obras de requalificação, investimentos em equipamentos técnicos e com manutenção”.

“Tanto mais que no final do contrato de arrendamento o edifício retorna mais valorizado aos seus proprietários”, sustenta.

Afirmando que a intenção de dinamizar o Cinema Batalha “constitui, à partida, um desenvolvimento positivo”, a CDU considera, contudo, que tal “não dispensa uma análise aos seus aspetos mais concretos”.

A CDU lamenta também desconhecer “estimativas de despesas e receitas de funcionamento, de forma a avaliar a sustentabilidade do projeto”, bem como não estar esclarecido se foi ponderada a hipótese de candidatura a fundos comunitários”.

"A ocupação em exclusivo por atividades na área do cinema pode ser um fator de limitação no seu aproveitamento”, acrescenta ainda a CDU.

No entender da coligação, "a dinamização cultural do Batalha, seja no quadro de uma ocupação exclusiva na atividade de cinema ou não, deve merecer por parte do Governo e das entidades dependentes do Ministério da Cultura uma colaboração próxima e apoio financeiro”.

“A documentação distribuída aos vereadores é completamente omissa relativamente a isto e as declarações públicas de Rui Moreira [presidente da autarquia] não esclarecem acerca das diligências feitas pela autarquia para comprometer o Ministério neste processo”, sublinha.

Na quinta-feira, a Câmara do Porto anunciou que “vai recuperar o histórico edifício e pô-lo ao serviço da produção cultural da Invicta, depois de anos de abandono”.

No dia seguinte, o presidente da Câmara do Porto revelou que pretende transformar o Cinema Batalha numa Casa do Cinema, com espaços para projeção de filmes, investigação e divulgação da história e uma “colaboração ativa” com a Cinemateca.