“Bússola, visões do mundo” é o tema do ciclo de cinema que decorre em Évora, desde hoje e até dia 28 deste mês, para assinalar o 50.º aniversário da morte do realizador Josef von Sternberg.

A iniciativa é promovida pelo Cinema-fora-dos Leões (C-f-L) e pela Embaixada da Áustria em Lisboa, com o apoio da Universidade de Évora e da Direção Regional de Cultura do Alentejo.

O ciclo, que arranca esta noite, vai exibir um total de oito filmes, com sessões sempre às 21:30, no Auditório Soror Mariana, no centro da cidade, revelou hoje o C-f-L.

O objetivo é comemorar “o cinquentenário da morte de Josef von Sternberg”, que se assinala este ano, e evocar o legado cinematográfico deste realizador que nasceu em Viena (Áustria), em 1894, e que morreu em Los Angeles, nos Estados Unidos da América, em 1969.

“Incansável explorador em busca do puro desejo, Josef von Sternberg é lembrado pela sua inimitável mestria em construir sombras e reflexos, pelo seu extraordinário sentido de ritmo do tempo narrativo, montagem elíptica e, especialmente, inexplicável magnetismo sensual que as suas imagens nutriram pelas atrizes com que trabalhou”, destacou a organização.

Por isso, sublinharam os promotores, este ciclo “é também uma declaração de deslumbramento a Marlene Dietrich, estrela eternamente indissociável de Sternberg”.

O realizador dedicou-se “à construção de imponentes representações do mundo ao longo da sua extensa filmografia”, e “é curioso verificar” que “nunca tentou realmente filmar a China, o Japão, a Rússia, a Áustria ou Marrocos”.

“Limitou-se a explorar a evocação exótica desses lugares, que materializou em ricos e detalhados cenários que consistiam no pano de fundo emotivo que é progressivamente transferido para o primeiro plano, deste modo dramatizando e enfatizando até ao infinito o desejo dos amantes”, disse a organização.

No seguimento desta ideia, “será interessante verificar que no decurso do presente ciclo de cinema os seus filmes vão progressivamente criando representações mais abstratas e estilizadas, isto é, antirrealistas”, acrescentou o C-f-L.

Apesar de Josef von Sternberg “ter sido um dos mais influentes realizadores da história do cinema americano”, atualmente “é um autor maldito”.

“A revisão da sua obra ambiciona contrariar esta situação e repor alguma justiça”, frisou a organização.

O filme que dá o “pontapé de saída” deste ciclo de cinema, hoje à noite, é “O Anjo Azul” (1930), seguindo-se “A Imperatriz Vermelha” (1934), na sexta-feira, ambos protagonizados por Marlene Dietrich, seguindo-se “Caçadores de Salvação” (1925), no dia 13.

“Amor de Mãe” (1929), no dia 14, “A Última Ordem” (1928), no dia 20, "Marrocos" (1930), no dia 21, e “O Expresso de Xangai" (1932), no dia 27 - outros dois filmes com Dietrich -, assim como “A Saga de Anatahan” (1953), no dia 28, produzido no Japão, são as películas que também integram o programa.