A Cinemateca Portuguesa vai abrir um concurso internacional para escolher uma empresa ou consórcio que participe na execução do projeto de digitalização do cinema português, no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Em declarações na quarta-feira à agência Lusa, o diretor da Cinemateca Portuguesa, José Manuel Costa, explicou que, nas próximas semanas, abrirá um concurso internacional “para contratar uma empresa ou consórcio de empresas que assumirá a responsabilidade de executar o conjunto das tarefas” previstas no plano de digitalização de longas e curtas-metragens da história do cinema português.

A Cinemateca terá de avançar com um concurso, porque, por questões de orgânica, não pode fazer contratação direta de técnicos e profissionais.

A empresa, ou consórcio de empresas, selecionada auxiliará a Cinemateca no processo de digitalização, que contará com várias fases, sendo que a maior parte delas decorrerá nas instalações no Arquivo Nacional das Imagens em Movimento (ANIM), disse o diretor.

A direção da Cinemateca fez na quarta-feira, numa sessão em Lisboa para produtores, realizadores e outros agentes do cinema e audiovisual, uma apresentação detalhada do projeto de digitalização previsto no PRR.

Já em dezembro, José Manuel Costa tinha apresentado publicamente em traços gerais o plano de digitalização de mil filmes portugueses até 2025, considerando que é uma oportunidade de divulgar o cinema português "como nunca chegou a ser até agora".

Segundo o PRR, serão disponibilizados dez milhões de euros para a compra de equipamento e aquisição de serviços para digitalizar um milhar de filmes portugueses, entre longas e curtas-metragens, "originalmente produzidas/exibidas em película".

Haverá ainda 900.000 euros destinados à modernização do Arquivo Nacional da Imagem em Movimento, dependente da Cinemateca Portuguesa.

O plano abrangerá "todo o universo das longas-metragens ainda não digitalizadas", ou seja cerca de 500 títulos produzidos desde 1920 até 2010.

Serão também digitalizadas algumas centenas das 13.500 curtas-metragens que estão em arquivo na Cinemateca, "de toda a espécie e tipologia de produção".

José Manuel Costa recordou à Lusa que quando tomou posse como diretor da Cinemateca, em 2014, uma das prioridades foi a criação de "um plano de digitalização global para o cinema português".

Os orçamentos para a área Cultura nunca permitiram à Cinemateca a concretização de um plano estratégico para cumprir esse objetivo – embora tenha havido trabalho de preservação e digitalização -, por isso José Manuel Costa considera que o PRR “é uma oportunidade histórica que o cinema tem de aproveitar”.

José Manuel Costa cumprirá 70 anos em 2023, e o seu segundo e último mandato como diretor da Cinemateca é até 2024, ou seja, um ano antes do prazo de conclusão do projeto no PRR, o que significa que o trabalho de divulgação do cinema português digitalizado já ficará para a próxima direção.

Até ao final do mandato, a par da concretização da digitalização do cinema português, José Manuel Costa quer ainda “lançar as bases” para que a Cinemateca Portuguesa tenha um outro estatuto orgânico, há muito reclamado face a constrangimentos burocráticos, por estar na dependência da administração central.

“Por causa das especificidades da Cinemateca, criaram-se disfunções que devem ser alteradas, e proporei até ao último dia em que aqui estiver”, disse.

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