Um homem contratar um detetive para descobrir uma antiga paixão de liceu pode parecer romântico em "Doidos por Mary" (1998), mas provavelmente seria perturbador se acontecesse na vida real.
O mesmo aconteceria com um filme sobre uma solitária com uma vida bastante ordenada que é obrigada a pernoitar num motel onde o filho dos donos tenta de forma embaraçosa começar uma relação e chega a viajar até ao seu local de trabalho: podia chamar-se "Psico", mas trata-se do enredo da comédia romântica "Como Gerir o Amor" (2008), com Jennifer Aniston e Steve Zahn.
Um novo estudo sugere que as comédias românticas em que existem personagens masculinas que perseguem de forma agressiva as suas paixões podem tornar as mulheres mais propensas a tolerar as investidas obsessivas de potenciais parceiros românticos.
E acontece precisamente o contrário em filmes que mostram perseguições persistentes de uma forma negativa.
As conclusões estão em "I Did It Because I Never Stopped Loving You" , da autoria de Julia R. Lippman, uma especialista da Universidade de Michigan em género e sexualidade.
Examinando a resposta de mulheres a perguntas sobre comportamentos românticos obsessivos depois de verem uma série de filmes com temas diferentes, Lippman descobriu que as que viram filmes com persistentes perseguições românticas como "Doidos por Mary" e "Como Gerir o Amor" tinham mais propensão a aceitar os chamados "mitos da perseguição".
Pelo contrário, existe muito menos tolerância depois de ver "Dormindo com o Inimigo" (1991), em que Julia Roberts tentava escapar a um marido controlador interpretado por Patrick Bergin, ou "Basta" (2002), onde Jennifer Lopez julgava ter descoberto a felicidade no casamento com Billy Campbell e acabava por conhecer um possessivo lado negro que estava escondido.
O mesmo acontecia com documentários benignos como "Aves Migratórias" (2001) ou "A Marcha dos Pinguins" (2005).
"Após assistir a excertos de um destes seis filmes, as participantes completaram uma série de inquéritos, incluindo um que media o seu aval a mitos de perseguição", afirmou a autora.
"Mitos de perseguição são crenças falsas ou exageradas sobre perseguições que minimizam a sua gravidade, o que significa que alguém que os fortemente os aprove tem tendência a levar o tema menos a sério", acrescentou.
"[Tais filmes] podem encorajar as mulheres a desvalorizar os seus instintos. Isso é um problema pois os estudos mostram que os instintos podem ser pistas importantes para nos ajudar a manter seguras. Na sua essência, todos estes filmes apostam no mito 'o amor conquista tudo'. Ainda que, claro, isso não aconteça. O amor é ótimo, mas também o respeito pelas outras pessoas", concluiu Lippman.
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