Não há nada que se recomende em "Cry Macho", o novo filme realizado e protagonizado por Clint Eastwood, já em exibição nos cinemas portugueses.
A opinião foi partilhada nas redes sociais por Paul Schrader, o realizador do aclamado "No Coração da Escuridão", mas ainda mais venerado pelos cinéfilos como o argumentista de "Taxi Driver" (1976) e "O Touro Enraivecido" (1980).
"Posso até aceitar a tendência de se fazer vista grossa ao Clint Eastwood, mas algum realizador americano importante fez um filme tão mau como o 'Cry Macho' desde o 'O Desporto Favorito dos Homens' do Howard Hawks?", pergunta o cineasta, referindo-se ao filme de 1964 com Rock Hudson que está entre os menos inspirados do seu realizador.
"Falha em todas as áreas: argumento, iluminação, localizações, cenários, adereços, guarda-roupa e casting", explica Paul Schrader sobre "Cry Macho".
"No início, quando o Eastwood faz uma cena debaixo do carro em que a bota bate no chão, pensei ' ‘Ótimo, ele vai abordar as estilizações dos westerns machistas’ – mas essa foi a última composição interessante do filme", descreveu.
Paul Schrader reconhece que Clint Eastwood até aborda um tema importante, mas, do seu ponto de vista, de forma banal e... fora de tempo.
"Claro, dão ao Clint alguns momentos cheios de clichés sobre a futilidade do machismo, mas estes apenas têm valor porque um Dirty Harry encolhido lhes está a dar voz. Estas perceções da personagem tiveram valor há 30 anos", compara.
Sintetizando a experiência, conclui que "foi como ouvir um criminoso a pedir desculpa à família das suas vítimas na esperança que o juiz lhe vá dar uma sentença menor".
O novo filme de Paul Schrader chama-se "The Card Counter - O Jogador" e conta a história de um veterano de guerra, interpretado por Oscar Isaac, que se torna um jogador inveterado. A estreia nos cinemas portugueses está anunciada para 18 de novembro.
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