A Curta vencedora do festival conta a história de Raquel, que tem 94 anos de idade e prometera à sua mãe aprender a dançar em troca de “um vestido de baile igual aos que via nas matinés dos anos [19]30 em Lisboa, antes de se casar e se mudar para as Beiras”.

Em estreia nesta edição do Vista Curta, “Raquel” reflete sobre “a interioridade do corpo de um país através do corpo da gente que nele vive”, sintetiza a organização do festival.

Designer de comunicação, curadora e diretora de arte, Ana Paula Pais tem realizado “peças de caráter documental e experimental para exposições e residências”, entre outros trabalhos premiados. “Raquel” é a sua “primeira curta-metragem docuficcional”.

Realizadora independente de documentário e videoarte, Sara Baga, que recebeu o prémio de melhor filme lusófono no FESTin 2011, pela sua primeira longa-metragem documental (“Hortas Di Pobreza”), atualmente realiza e produz “Seed Act”, cujo primeiro de cinco episódios foi estreado em 2015.

Na Competição Local, dedicada aos filmes realizados no distrito de Viseu ou por autores do distrito, venceu a curta-metragem “Purpleboy”, de Alexandre Siqueira, história de “uma criança que procura construir uma identidade enquanto tenta corresponder às expectativas exteriores”.

Óscar germina no jardim dos seus pais e “ninguém sabe qual é o seu sexo biológico, mas ele reclama o género masculino”, conta a curta de Alexandre Siqueira, que nasceu no Rio de Janeiro em 1980.

Alexandre Siqueira, que desde 1999 desenvolve e colabora em vários projetos de cinema de animação, concluiu em 2010 o curso de cinema de animação na Escola La Poudrière, onde realizou “Voyage au Champ de Tournesols”.

Cada uma das curtas-metragens premiadas recebe um valor pecuniário de 1.500 euros.

O Vista Curta 2019, que terminou no sábado à noite, deu particular destaque ao trabalho do cineasta português José Vieira, designadamente através da realização de colóquios e da exibição de quatro filmes: “A Fotografia Rasgada" (2002), "O Pão que o Diabo Amassou" (2012), "A Ilha dos Ausentes" (2016), e “Souvenirs d'un Futur Radieux" (2014), que abriu a edição deste ano.

Habituado a trabalhar com os mais jovens, o Cine Clube de Viseu quis envolvê-los também na programação do Vista Curta e, aproveitando a celebração dos 20 anos de classificação do Vale do Côa como Património Mundial da Humanidade, propôs-lhes uma viagem “à descoberta da origem da arte.

O Festival Vista Curta aposta, de acordo coma a organização, na “produção independente, maioritariamente regional, mostrando também a produção nacional que interpela a interioridade, refletindo a importância de uma prática política e artística no cinema".