Daniel Craig teve grandes problemas ao tentar lidar com a nova fama que chegou com o papel de James Bond.

A admissão surge no documentário "Being James Bond" [Ser James Bond], da Apple TV+, que já foi visto pelo tablóide britânico Daily Mail.

O ator, agora com 53 anos, sucedeu a Pierce Brosnan em 2005 e o primeiro filme como o agente secreto foi "007: Casino Royale" no ano a seguir.

"A minha vida pessoal foi afetada por me tornar tão famoso assim de repente. Costumava fechar-me [em casa] e correr as cortinas, estava a dar em doido. Estava física e mentalmente sitiado", revelou.

"Não gostei do novo nível de fama. Foi o Hugh Jackman quem me ajudou a aceitar isso e a apreciá-lo", acrescentou, referindo-se ao ator com quem contracenou numa peça de teatro em 2009 e passara pela mesma situação ao tornar-se Wolverine na saga "X-Men".

Daniel Craig também conta no documentário que não se mostrou inicialmente entusiasmado porque achava que não conseguia ser James Bond, ao contrário de Barbara Broccoli, produtora da saga, que não via outro ator no papel.

"No que me dizia respeito, já tinha mais sucesso do que alguma vez seria como ator — não tinha uma personalidade 'cool'. O Pierce [Brosnan] tinha feito [a série] 'Quase Modelo, Quase Detective', Roger Moore tinha feito 'O Santo' — tinham feito esses papéis em que as pessoas tinham dito 'Isso é o James Bond'", recordou.

"Eu tinha feito filmes artísticos esquisitos. Foi mais difícil de vender. E realmente não queria fazê-lo porque pensei que não saberia o que fazer com isso. Ia receber o argumento, lê-lo e dizer 'Obrigado, mas não'. Mas mal eu sabia, era o 'Casino Royale'. A história era sólida, o argumento era sólido', acrescentou.

No documentário, também recorda como partiu a perna durante a rodagem do quarto filme, "007: Spectre" (2015) e trabalhou lesionado para não parar a produção.

Foi essa experiência que o levou a fazer durante numa entrevista de promoção o comentário que ficaria famoso de que preferia "cortar os pulsos" do que voltar a ser James Bond.

Persuadido a regressar muito mais tarde, Daniel Craig "despediu-se" da saga com um discurso ao elenco e equipa do quinto filme, "007: Sem Tempo Para Morrer"; que chega aos cinemas no final do mês após vários adiamentos por causa da pandemia.

O tom também é diferente em relação a "Spectre": o de orgulho por ter trabalhado na saga.

"O meu mandato é o que é, mas é apenas parte de algo maior. Olho para os filmes e estou incrivelmente orgulhoso de cada um deles. Abandonar este papel não é fácil", admite o ator, agora com 53 anos.

"Posso ser descarado e blasé o quanto quiser, mas ainda é difícil afastar-me. E não se trata de dinheiro e fama. Tenho muita sorte por ter sido capaz de fazer isto. Mas acho que agora está tudo bem [para sair] e é porque fizemos este filme", concluiu.