Em 1997, Harvey Weinstein deu a grande oportunidade a Matt Damon ao distribuir através da produtora Miramax "O Bom Rebelde", o filme que tinha um argumento escrito por este com o amigo Ben Affleck.
A seguir, o ator assinou contrato e entrou em vários projetos de prestígio da Miramax até 2000. Os percursos artísticos nunca mais se cruzaram.
"Só se tinha de passar cinco minutos com Harvey Weinstein para saber que ele era um rufia; ele era intimidante", reconheceu Damon ao programa Good Morning America sobre o produtor agora caído em desgraça em Hollywood após um escândalo em que este é acusado de assédio, ataques ou violação sexual por mais de 40 mulheres.
"Esta era a sua lenda; este era todo o seu método de operação: 'Conseguia sobreviver a uma reunião com Harvey?'", explicou o ator, sentado ao lado de George Clooney, a pretexto de falarem sobre o seu novo filme "Suburbicon" mas sem puderem evitar o tema do momento.
"As pessoas que trabalhavam para ele era tipo 'Venho fazer bons filmes. A Miramax era 'o' sítio para fazer grandes coisas nos anos 90", defendeu.
"Quando as pessoas dizem 'Todos sabiam', sim, eu sabia que ele era um cretino. Ele tinha orgulho nisso. Era assim que ele se comportava. E eu sabia que ele era um mulherengo. Não gostaria de estar casado com o tipo. Mas isso não me dizia respeito", reforçou.
Damon garantiu desconhecer que o comportamento de Harvey Weinstein era do "nível de predador sexual criminoso", embora tenha reconhecido que sabia que Gwyneth Paltrow tinha sido assediada através de Ben Affleck, então namorado da atriz, com quem nunca discutiu o tema durante a rodagem de "O Talentoso Mr. Ripley" (1999).
"Sabia que tinham chegado a um qualquer acordo ou compreensão do que tinha acontecido e que ela lidou com isso e ela era a Primeira Dama da Miramax e ele tratou-a de forma incrivelmente respeitosa. Sempre.", recordou.
Já George Clooney recordou que Weinstein gabava-se em conversas com ele das mulheres com quem teve casos.
"Não acreditei necessariamente nele, muito honestamente porque acreditar seria acreditar no pior de algumas atrizes que eram minhas amigas", descreveu, considerando "para lá de revoltante" que tal comportamento predador "estivesse a silenciar desta forma as mulheres".
O ator e realizador quer agora saber tudo o que aconteceu e espera que sejam criadas condições para que as mulheres se possam sentir seguras, acrescentando que a sua mulher, Amal Clooney, advogada e ativista dos Direitos Humanos, lhe contou que "existem muitos exemplos" deste comportamento na "sua área de trabalho", mas apesar disso, a dimensão é surpreendente "para alguns de nós".
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