O negócio da exibição comercial de cinema está a adaptar-se à procura dos portugueses e, apesar de o “mercado não ser elástico”, 2023 está a ser de “grande recuperação”, segundo a Associação Portuguesa de Empresas Cinematográficas (APEC).
“2022 já foi um ano em que se recuperou alguma coisa, 2023 está a ser um ano com grande recuperação, esperamos que chegue ao final com níveis próximos de 2019”, ou seja, de pré-pandemia da covid-19, disse à agência Lusa Fernando Ventura, da APEC.
Esta associação, que representa as empresas que detêm mais salas de cinema em Portugal, vai organizar, a partir de domingo, a Festa do Cinema, uma iniciativa que consiste em quatro dias de exibição comercial em várias cidades a preços reduzidos.
É a segunda vez este ano que a APEC realiza esta iniciativa promocional, depois de em maio ter promovido um evento semelhante, que contabilizou cerca de 123.000 espectadores.
“Estamos numa de procurar encontrar mais oportunidades para trazer mais gente ao cinema em sala, para promover o cinema e este gosto por esta experiência única. […] Consideramos [os 123.000 espectadores] um bom número atendendo às circunstâncias em que o setor ainda está. Ainda está a recuperar dos efeitos negativos da pandemia”, disse Fernando Ventura.
De acordo com os dados estatísticos do Instituto do Cinema e Audiovisual (ICA), até setembro os cinemas portugueses registaram 9,5 milhões de espectadores e 57,2 milhões de euros de bilheteira.
Quando ainda falta contabilizar o último trimestre, estes dados do ICA indicam que 2023 vai superar o panorama da exibição de 2022 (que registou 55,3 milhões de euros e 9,6 milhões de espectadores).
Para Fernando Ventura, “as pessoas estão a ter confiança de voltar aos cinemas, as obras que vão aparecendo este ano também ajudam”, como os filmes “Barbie”, “Velocidade Furiosa X”, “Oppenheimer”, “Avatar: O caminho da água” e “Super Mário Bros: O Filme”, nos lugares cimeiros entre os mais vistos.
Em 2019, ano anterior à pandemia da covid-19, a exibição comercial de cinema registou 15,5 milhões de entradas e 83,1 milhões de euros de receita bruta de bilheteira.
Nos últimos anos também houve uma alteração dos hábitos de consumo de cinema, com o crescimento das plataformas de ‘streaming’ em Portugal e a APEC admite que “há sempre algum impacto, mas não é uma coisa que seja, para já, altamente preocupante”.
“Quando aparecem opções novas no mercado, para ver os mesmos produtos, é evidente que o mercado não é elástico, embora naturalmente as pessoas que vão ver cinema e que optam por ver em ‘streaming’ sejam as mesmas. Há sempre impacto no modo tradicional de ver cinema, mas a experiência de ver cinema em sala é uma coisa completamente diferente”, defendeu Fernando Ventura.
A Festa do Cinema aconteceu pela primeira vez em Portugal nestes moldes em 2015. A segunda edição deste ano propõe bilhetes de cinema a 3,5 euros para mais de 50 filmes em exibição no circuito comercial.
De acordo com a organização, a iniciativa abrange as sessões de cinema em salas exploradas pelas exibidoras Cinema City, Castello Lopes, Cineplace, NOS, UCI, que estão presentes em várias cidades, e ainda Cinebox Cinemas (Castelo Branco), Cinemax (Penafiel), Fórum Vizela (Braga), Cinema Fernando Lopes (Lisboa) e Teatro Miguel Franco (Leiria).
Isto significa que a Festa do Cinema vai acontecer em cerca de 400 salas, num panorama de exibição que, segundo o ICA, conta com 548 salas de cinema em todo o país.
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