Uma exposição que retrata a vida íntima do ícone do cinema e da moda mundial será inaugurada esta quarta-feira na capital belga por ocasião do aniversário.

A exposição "Intimate Audrey" foi projetada em torno de mil fotos e itens pessoais reunidos por um dos seus dois filhos, Sean Hepburn Ferrer, nascido em 1960 fruto de sua relação com o ator e produtor americano Mel Ferrer.

Além de estrela de Hollywood em ascensão meteórica - Hepburn recebeu um Óscar aos 25 anos, por seu papel em "A Princesa e o Plebeu" -, a exposição foca a mulher, a mãe e a trabalhadora humanitária que ela foi durante os últimos cinco anos da sua vida (1988-93) como embaixadora da Unicef.

"Basicamente não aprendemos nada de novo, mas, quando chegamos ao fim da exposição, dizemos a nós mesmos que a menina pela qual o mundo se apaixonou floresceu nesta mulher que aqui podemos ver", afirma Sean Hepburn Ferrer à AFP durante uma visita ao evento, na véspera da abertura.

"Essa mulher, que era um ícone de estilo, basicamente viveu com vestidos de algodão toda a sua vida, uma vida simples", acrescentou, referindo-se à estrela frequentemente associada ao longo e esguio vestido preto, criação de Givenchy, usado em "Boneca de Luxo".

Audrey Hepburn, cujo nome verdadeiro era Audrey Ruston, nasceu em 4 de maio de 1929 em Ixelles, em Bruxelas, filha de mãe holandesa e pai britânico que trabalhava na filial do Banco da Inglaterra na Bélgica.

Na exibição com cerca de 800 fotos, alguns retratos inéditos a preto e branco evocam essa genealogia, a severidade da aristocracia holandesa, um mundo em que ela se formou quando criança. Depois vieram os primeiros passos em Londres, onde a adolescente sonhava em se tornar bailarina.

De acordo com Sean, Audrey Hepburn teria de desistir do seu sonho por falta de uma condição física adequada, pois o seu desenvolvimento muscular sofreu com as privações da guerra, e o cinema acabou por ser "uma escolha natural".

Dois filhos, dois Óscares

O encontro com a escritora francesa Colette, durante uma filmagem em Monte Carlo, foi decisivo. A autora escolheu-a para interpretar "Gigi" numa adaptação para o teatro do seu conto. "Isso leva-a para Nova Iorque, em 1950-51", lembra o filho de Hepburn.

Uma foto das duas mulheres está entre as centenas de objetos apresentados, desenhos, escritos da estrela, o vestido do seu casamento com Mel Ferrer - que conheceu através de Gregory Peck -  e o seu passaporte de embaixadora das Nações Unidas.

Este trabalho voluntário, particularmente com crianças vítimas do conflito somali, deu-lhe outro Óscar (o prémio humanitário Jean Hersholt), em 1993, o ano em que morreu na sua propriedade suíça como consequência de uma forma rara de cancro.

A estatueta "humanitária", que foi dada a Sean, é mais uma atração da visita, e o primeiro Óscar, que venceu pelo filme "Férias em Roma", permaneceu nas mãos do segundo filho, seu meio-irmão italiano Luca Dotti.

"Somos dois, havia dois Óscares, ficamos cada um com um", explicou o filho mais velho, sorrindo.

A exposição, perto das galerias reais e da Grand Place, acontece até 25 de agosto.

Os lucros irão para a luta contra doenças raras e o cancro. Mais informações sobre a exposição no site oficial.