O Festival Internacional de Cinema e Literatura do Algarve (FICLA) vai mudar-se para Faro na primavera de 2022, num formato herdado do original, realizado em Olhão, em 2019 e 2020, foi hoje anunciado.

A primeira edição do então Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão (FICLO) decorreu em abril de 2019 e a segunda, inicialmente agendada para março de 2020, acabaria por ser adiada, devido às medidas de contenção da pandemia de COVID-19, acabando por se realizar em julho.

Na sua terceira edição, o festival muda-se para a capital do Algarve, o “cenário propício para a sua realização”, dada a dimensão da cidade, a sua massa associativa, o facto de albergar a Universidade do Algarve e da aposta que a autarquia está fazer na cultura, disse em conferência de imprensa uma das diretoras do festival.

Segundo Candela Varas, após o desaparecimento do programa cultural 365 Algarve, o festival “passou por momentos difíceis”, mas “não morreu”, assumindo agora um novo nome, e, também, “novas ambições”, nomeadamente, alcançar maior projeção internacional e mais envolvimento com a comunidade.

O festival, apoiado pela Direção Regional da Cultura do Algarve e promovido, em coprodução, pelo Cineclube de Tavira e pela Câmara de Faro, envolverá também o Cineclube de Faro, um dos mais antigos do país, e a associação ArQuente.

De acordo com a outra diretora do FICLA, Débora Pinho Mateus, o festival mantém “o impulso inicial de ser um festival que não se cinge às adaptações de obras literárias ao cinema”, procurando “as ligações inusitadas que existem entre ambas as disciplinas”.

“Não queremos que haja protagonismo de uma arte sobre a outra, mas sim aproveitar o que de único cada uma delas tem para lançarmos temáticas contemporâneas”, sublinhou.

Com a terceira edição centrada em Faro, Débora Pinho Mateus não afastou a hipótese de o festival vir a ser alargado a mais locais, notando que algumas das atividades do festival “podem ir para outras cidades do Algarve”.

A antecipar a nova linha programática do FICLA, para sexta-feira e sábado está prevista a realização de vários eventos de entrada gratuita que pretendem explorar a nova metodologia do festival.

"Destello Bravío"

A programação arranca com a projeção do filme “Destello Bravío”, da espanhola Ainhoa Rodríguez, incluindo uma conversa com a realizadora, na sexta-feira, às 21:30, no Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ).

No sábado, às 11:00, na associação cultural ArQuente, a também produtora e guionista ministrará uma ‘masterclass’ onde vai explicar o processo de criação de “Destello Bravío”.

No mesmo local, a coreógrafa, intérprete e dramaturga Sónia Baptista apresenta às 17:00 a conferência-performance “E Hoje, é um Esquilo?”.

Segue-se às 18:00, um colóquio sobre o desejo e o corpo da mulher no cinema e na literatura contemporânea, com Rodríguez, Baptista e a investigadora Ana Isabel Soares.

A finalizar o programa, às 19:00, está prevista uma ‘jam’ de textos à desgarrada com acompanhamento do músico Tomás Tello, em que o público será convidado a participar.