O realizador João Botelho estreia, a 12 de maio, nos cinemas, "Um filme em Forma de Assim", "organizado como um sonho, estruturado como um musical" a partir da obra de Alexandre O'Neill, revelou hoje a distribuidora NOS Lusomundo Audiovisuais.

O filme, que terá antestreia este mês no festival IndieLisboa, é apresentado como uma homenagem ao escritor Alexandre O'Neill, a partir da obra literária, com argumento assinado por João Botelho e Maria Antónia Oliveira, autora de uma biografia sobre o autor.

"Na estrutura deste filme pensei sempre na criação desenfreada do escritor, onde a confrontação entre o erudito e o popular atinge o que se pode designar como a procura surrealista do Belo", escreveu João Botelho na nota de intenções.

Na longa-metragem, João Botelho conta com excertos dos "magníficos textos" de Alexandre O'Neill, ditos e cantados pelo elenco, e recria "cenas que constroem uma narrativa tão justa como inovadora" sobre o universo literário do poeta e cronista.

"Ninguém é O'Neill neste filme, mas todos, principais e secundários, são o escritor, porque em cenas criadas por ele, em outras inventadas por mim, transportam a sua magnífica escrita. E como justas ligações entre algumas sequências serão reveladas fotografias abstratas ou de pormenores feitas pelo próprio O'Neill e que ninguém conhece", explicou João Botelho.

"Um filme em Forma de Assim" conta com as interpretações de Pedro Lacerda, Inês Castel-Branco, Cláudio da Silva, Crista Alfaiate, Ana Quintans, Luís Lima Barreto, Carmen Santos, Rita Blanco, Maria João Pinho, Dinarte Branco, Pedro Inês, entre outros.

Produzido pela Ar de Filmes, de Alexandre Oliveira, o filme tem direção de fotografia de João Ribeiro e música original de Daniel Bernardes.

"Um filme em Forma de Assim", cujo título remete para o conto de O'Neill "Uma coisa em forma de assim", terá uma primeira exibição no IndieLisboa, onde João Botelho estreará também o documentário "O jovem Cunhal", sobre o político comunista Álvaro Cunhal.

João Botelho, 72 anos, realizou os primeiros filmes em finais dos anos 1970, mas a estreia nas longas-metragens aconteceu em 1981 com "Conversa acabada", seguindo-se "Um adeus português" (1986), sobre a guerra colonial e cujo título remete para um poema de Alexandre O'Neill.

Da filmografia do realizador fazem parte vários filmes inspirados ou que convocam a obra literária de escritores portugueses, de Agustina Bessa-Luís a José Saramago. Entre eles contam-se "A corte do norte" (2008), "Filme do desassossego" (2010), "Os Maias: Cenas da vida romântica" (2014) e "O ano da morte de Ricardo Reis" (2020).